A história toda

Foi numas férias que passou em Portugal que Tim Berners-Lee teve a ideia de incorporar o historial no browser WorldWideWeb que inventou. Ele reparou que quando ia à tabacaria de Albufeira para comprar o Guardian e um maço de John Player Special a lojista fazia sempre questão de enunciar, depois de o ter informado que já não tinha nem uma coisa nem outra, o nome das pessoas que tinham comprado os últimos exemplares.

Seguindo directamente para o almoço, Berners-Lee escrevia furiosamente nas mangas compridas da camisa Regojo Splendesto cada vez que o grelhador lhe dizia que já não havia sardinhas porque tinha vendido a última dose a um ciclista que as acompanhou com água da torneira.

Foi aí que ele teve a ideia do “show all history”. Na verdade, em Portugal é impossível ser frustrado na compra de qualquer fruto apetecido sem ser simultaneamente assaltado por uma narrativa pormenorizada acerca de uma senhora que lá apareceu há cinco minutos e levou os pêssegos todos, mais de 15 quilos. É de bom tom rematar a anedota com uma pergunta vaga mas soez do género: “Não sei se conhece. É uma senhora que já não é nova, assim para o forte, costuma andar com um cão castanho...”

“Jaquinzinhos? Tem graça! Acabaram agora mesmo! Não sei o que é que foi hoje que toda a gente queria jaquinzinhos... Eu ainda comprei 20 quilos, porque estavam mesmo bons... E agora com o calor sabe bem, com um arrozinho de tomate e uma saladinha... Não, também já acabou... ainda não era meio-dia e meia...”

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