“Despedimentos em Portugal? Estou chocado”

Michel Combes, CEO da Altice, nega qualquer plano de despedimento de larga escala na PT.

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Michel Combes, CEO da Altice, no aniversário da Altice Labs, em Aveiro, em Fevereiro passado LUSA/PAULO NOVAIS

O presidente executivo da companhia dona da PT Portugal e do Meo, Michel Combes, defende que os fornecedores portugueses beneficiam de pertencer a um grupo global como a Altice.

Que competências é que distinguem Portugal dentro do grupo?
Portugal é muito importante para o grupo, no sentido em que do ponto de vista técnico há enormes capacidades em Portugal no Altice Labs, que nós impulsionamos em todo o mundo.

E o que é que Portugal recebe dos outros países da Altice?
Por exemplo, a Box que iremos lançar em Portugal, porque estamos a avançar no objectivo de ter uma “set-top box” para todos os mercados. Até agora, Portugal tem uma “box” com uma base desenvolvida pela Microsoft. E agora terá uma da Ericsson que já foi desenvolvida no passado. O que será um forte benefício para Portugal.

E nos fornecedores, usam serviços mais baratos de outros países?
Usamos fornecedores portugueses no estrangeiro em diferentes áreas, o que beneficia Portugal também. Porque trazemos competências aos fornecedores e geramos melhores condições de preço ao activo português. Portugal está a usar a nossa empresa de “procurement” [central de compras]. Quando falamos da rede de infra-estrutura, os preços que a PT consegue quando usa Ericsson, Nokia, beneficiam de fazer parte do grupo, porque temos um grande efeito escala. Irá beneficiar também da Teads [empresa norte-americana da Altice especializada em venda de publicidade digital e análise de dados], que já está a ajudar a PT a implementar a sua estratégia de análise de dados.

A PT vai despedir 3000 trabalhadores, com recurso a um despedimento colectivo?
Eu não sei de onde vem essa informação. Estou chocado. Não há plano de despedimento colectivo como vi na imprensa em Portugal. Não há qualquer plano. Em Portugal, tal como em todos os outros países, estamos a transformar as empresas para serem mais eficientes, preparadas para o futuro. O nosso objectivo em Portugal é permanecer líder em infra-estruturas, com o nosso plano na fibra e no mobile. Toda a nossa estratégia de convergência [telecomunicações, conteúdos e publicidade dados] será implementada em Portugal. O que me surpreendeu, para ser justo, é que estamos a criar emprego em Portugal, não só na PT, mas estamos a usar uma empresa portuguesa para toda a relação com o cliente, em outros países. Assumimos alguns compromissos para usar call centers em Portugal.

Quando é que a Altice começa a comprar media em Portugal?
Primeiro, já temos uma boa posição em Portugal. Segundo, sempre dissemos que a nossa estratégia era ser uma empresa de telecomunicações e de media. Terceiro, se houver oportunidades olharemos para elas. Estamos a executar a nossa estratégia em Portugal, iremos mudar a marca em Portugal e depois analisaremos se há movimentos interessantes. Neste momento, não há nada em cima da mesa.

Irão provisionar [acautelar nas contas] uma eventual multa da Comissão Europeia no âmbito da compra da PT?
Eu contesto 100% o que diz a Comissão Europeia. Não posso ser mais claro. Pode haver sempre um pouco de ruído, mas para mim não há caso. E não divulgo a política de provisionamento, que também é discutida com os auditores.

A ligação do nome PT a polémicas no passado ajudou a tomar esta decisão?
Foi uma decisão de grupo, não foi definida por nenhum país. PT é uma empresa muito forte em Portugal, estamos orgulhosos de ser donos da PT, acreditamos em relançar o activo para ser mais forte e para ser um verdadeiro impulsionador digital para o país, é isso que tencionamos fazer. E a nova marca irá ajudar a PT a ser ainda mais reconhecida no futuro. A maioria dos incumbentes na Europa mudaram de nome, porque a determinada altura é preciso assumir esta grande transição.

*O jornalista viajou a convite da Altice

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