Uma nova geração de aspirantes com um campeão no banco

A selecção portuguesa cumpre na Coreia do Sul a sua 11.ª participação num Mundial de sub-20. Zâmbia será o primeiro adversário da equipa de Emílio Peixe.

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A selecção que vai defender as cores de Portugal no Mundial sub-20 FPF

O Mundial de sub-20 de 1989, na Arábia Saudita, é um daqueles pontos da história do futebol português em que se pode dizer que houve um antes e um depois. Foi o primeiro de dois títulos juniores para Portugal e o ponto de partida para aquela que viria a ser conhecida como a “geração de ouro”. Entre os 18 campeões de 1989, estavam oito futuros internacionais A, entre os 18 campeões de Lisboa dois anos depois, 11 chegaram à selecção principal. Não voltou a haver um aproveitamento tão elevado nas selecções que se seguiram (e os títulos também não voltaram a aparecer), mas há mais uma geração de aspirantes que vai tentar no Mundial que começa este fim-de-semana na Coreia do Sul, continuar a boa tradição portuguesa no torneio e, quem sabe, formar a base de mais uma "geração de ouro".

Vinte e seis anos depois de ter sido eleito o melhor jogador do Mundial de 1991, Emílio Peixe regressa a um Mundial de sub-20 para tentar levar esta geração o mais longe possível e fazer justiça à história portuguesa no torneio. "Os pergaminhos que temos ao nível desta competição é mais um factor de motivação e acarreta essa responsabilidade. Gostamos dessa confiança que os portugueses depositam em nós”, dizia, antes de partir para a Ásia, o seleccionador português, que terá no banco, como adjuntos, a companhia de dois outros campeões juniores, Filipe Ramos (1989) e Rui Bento (1991).

Depois dessas duas selecções que deram jogadores como Fernando Couto, Luís Figo, Rui Costa, Paulo Sousa ou João Vieira Pinto, o aproveitamento para a selecção A das equipas portuguesas em Mundiais do escalão baixou. Por exemplo, a de 1993 (que não passou da fase de grupos), deu apenas dois jogadores à selecção principal (o central Litos e o extremo Porfírio, com nove internacionalizações entre os dois), mas na selecção de 2011, que chegou à final e perdeu com o Brasil de Casemiro, Coutinho e Óscar, deu três internacionais portugueses, dois deles futuros campeões europeus (Cedric Soares e Danilo Pereira).

A de 2013 já teve cinco internacionais (e dois campeões europeus, João Mário e André Gomes) e a de 2015 já teve três jogadores chamados por Fernando Santos (Gelson Martins, André Silva e Gonçalo Guedes). A de 2017 ainda não tem nenhum internacional A (algo que é verdadeiro em nove das 22 selecções participantes), até integra alguns jogadores nascidos em 1999, e com a maioria a virem das equipas B, sendo que apenas três têm experiência de I Liga – o benfiquista José Gomes, o vimaranense Xande Silva e o bracarense Xadas. Fora destas contas estão jogadores que já andam em outros patamares competitivos, mas que ainda tinham idade para ir à Coreia, como Renato Sanches ou Rúben Neves.

Para Emílio Peixe, o desejo de ganhar a competição não deve afastar a selecção sub-20 do propósito formativo. Gostava muito de vir no dia 11 [de Junho, para a final]. Sonhamos e estamos a preparar este momento há cerca de um ano. Tanto a federação como os jogadores querem muito ganhar. O que nos alimenta é ganhar, mas não podemos fugir de um dos focos principais da formação, que é projectar jogadores para a selecção A. Mas, até lá, queremos muito ganhar", salientou o seleccionador português.

A prova de como o sucesso nestes torneios também depende das gerações está na ausência de duas das grandes potências do escalão, o Brasil (cinco títulos e quatro vice-campeonatos) e a Sérvia (o actual campeã em título). Os brasileiros foram apenas quintos classificados do campeonato sul-americano, atrás de selecções bem menos tradicionais como o Equador e a Venezuela, enquanto a equipa balcânica falhou a qualificação no Euro sub-19 ao perder um jogo decisivo com a França graças a um golo do jogador mais desejado do momento, Kylian Mbappé.

Sem dois dos tradicionais favoritos, Portugal apresenta-se com boas perspectivas de ir longe no torneio. Integrada no Grupo C, a equipa de Emílio Peixe vai defrontar a Zâmbia (amanhã, 6h, Seogwipo), Costa Rica (24 de Maio, 12h, Seogwipo) e Irão (27 de Maio, 9h, Incheon), esperando uma carreira longa no torneio: “Conhecemos bem o contexto das outras seleções, mas temos uma palavra a dizer. O que nos alimenta é ganhar. Sonhar não faz mal a ninguém. Sonhamos, mas com os pés assentes na terra.”

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