Caixa conquista 1.122 milhões de euros em depósitos

O banco liderado por Paulo Macedo registou um prejuízo de 38,6 milhões de euros devido a custos com pré-reformas e rescisões.

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Paulo Macedo está à frente da Caixa Geral de Depósitos desde 1 de Fevereiro Rui Gaudêncio

Foi uma Caixa mais sólida e limpa, depois do enorme plano de recapitalização feito pelo Estado, que Paulo Macedo apresentou, esta quinta-feira, aos jornalistas, em conferência de imprensa. Uma regeneração do banco público que, nos primeiros três meses, permitiu captar 1.122 milhões de euros na actividade doméstica, num contexto marcado pela entrada de Paulo Macedo e pelo fim da turbulência em torno da anterior liderança. Mas também por algumas mudanças e incertezas em bancos concorrentes.

A captação de 1.122 milhões de euros em depósitos pelo banco público interrompe uma tendência de perdas que, apesar da recuperação entre Janeiro e Março, colocam a evolução homóloga nuns negativos 2,5 mil milhões de euros, espelhando o desempenho do banco nesta componente desde meados do ano passado.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) fechou o primeiro trimestre com um total de 54,3 mil milhões de euros de depósitos em Portugal, que lhe dá uma fatia de perto de um terço do mercado, tanto em particulares, como em empresas.

“O resultado líquido do trimestre foi negativo em 38,6 milhões de euros, impactado por custos não recorrentes de 58 milhões de euros”, explicou o banco público em comunicado. Esses custos dizem respeito, segundo o mesmo documento “ao provisionamento do programa de pré-reforma e de rescisões por mútuo acordo”. Um prejuízo que compara com o resultado negativo de 74,2 milhões de euros do mesmo período do ano passado. Sem o custo para a saída de pessoal, a Caixa teria tido um resultado líquido recorrente de 3,5 milhões de euros.

Sobre este tema, Paulo Macedo sublinhou que um banco que não gerar lucros, não gerará  capital, irá encolher e acabará por se tornar se “numa caixazinha”. Portanto, ter lucros é sempre um objectivo do novo presidente da Caixa, para quem a CGD tem pela frente um longo caminho de reestruturação. No entanto, a expectativa é que os resultados recorrentes possam subir todos os trimestres.

Os primeiros três meses do ano foram, por outro lado, marcados na actividade da CGD por um crescimento de 50,8% da margem financeira para os 326,1 milhões de euros, beneficiando dos menores custos de financiamento (funding), que caíram em 28,3%. A margem financeira é o saldo que o banco garante entre os juros cobrados pelos créditos concedidos e os juros pagos nos depósitos.

Já o produto bancário — que incluiu o essencial da actividade bancária, entre margem financeira, comissões, operações financeiras e investimentos — cresceu 65,2% para os 489,6 milhões de euros, com “contributos positivos da margem financeira e dos resultados em operações financeiras”, graças à evolução de taxas de juro.  

As comissões — uma área onde a gestão de Paulo Macedo já fez mudanças, aumentando algumas dos custos cobrados aos clientes — tiveram ainda assim um desempenho negativo, baixando em 3,7% para os 109 milhões de euros. 

De notar que o “contributo da área de negócio internacional para o resultado alcançou no primeiro trimestre deste ano 49,6 milhões de euros (24,3% do que em igual período do ano precedente)”. 

Na análise dos resultados trimestrais do banco público já é visível em várias áreas o efeito da recapitalização iniciada por António Domingues e executada por Paulo Macedo, com o contributo da tutela liderada por Mário Centeno. A própria Caixa reconhece que, em termos de solidez, “a concretização deste plano, que resultou num reforço de capital de 4,4 mil milhões de euros, permitiu à CGD um substancial aumento dos seus rácios de capital que atingiram em 31 de Março de 2017 os 12,3% (CET1, phased-in) e 14,2% (rácio total)”. Ambos uma evolução face aos 11,8% e 13,2% do final do ano passado e que são referência para as autoridades.

Já no crédito concedido, a Caixa registou uma descida de 2,3% face a Dezembro para os 67,1 mil milhões de euros, com as descidas a verificarem-se tanto no crédito a empresas (-2,8%) como nos particulares (-1,2%), em Portugal. As provisões e imparidades cresceram 29 milhões para os 112,8 milhões. 

Paulo Macedo destacou aos jornalista que o “plano de recapitalizacao foi concluído com sucesso”, a actividade internacional “contribuiu positivamente” para as contas e “a qualidade dos activos evoluiu também de forma positiva, com menos risco e maior grau de cobertura”.

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