Um antiamericanismo

O prato americano que jamais entenderei é a sanduíche de manteiga de amendoim com geleia de uva.

Há pratos nacionais que mesmo o mais aclimatado estrangeiro se vê aflito para apreciar. Em Portugal, por exemplo, é a açorda. Onde nós vemos uma deliciosa combinação das coisas de que mais gostamos (pão, azeite, alho, coentros), outros vêem uma papa que parece regurgitada.

O prato americano que jamais entenderei é o peanut butter and jelly sandwich: a sanduíche de manteiga de amendoim com geleia de uva. Diz a Wikipedia que, antes de irem para o liceu, os americanos comem em média 1500 sanduíches destas por cabeça.

Um artigo alarmante no Wall Street Journal sobre as ementas secretas do McDonald's e doutros estabelecimentos de fast food chama-se "Can I have that burger with a side of peanut butter?". É ilustrado por três fotografias e um desenho do dito burger, vendo-se o pão molinho, o queijo cor de laranja, o bacon chamuscado, o que parece ser, encorajadoramente, um pimentinho assado e, a escorrer por toda a parte, liquefeito, tal uma sopa de grão sem espinafres, o peanut butter.

Gosto muito de amendoins e de uvas de todas as maneiras menos esta. E não me sinto sozinho. Nunca ouvi falar de um não-americano que gostasse. Mas até eu fazia e comia uma PB&J para não ter de provar a versão congelada que faz parte de uma linha abominável chamada Uncrustables. Só leva 30 a 60 minutos a descongelar, à temperatura ambiente.

Agora só basta contar os minutos até alguém me vir dizer que também há cá e a criançada adora: são os ultrafofos salgadinhos e doces da Mamã Coelha, já sei. 

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