Edifício da Manutenção Militar volta à Câmara de Coimbra 118 anos depois

Autarquia quer criar um centro de documentação e estudos municipais no centro da cidade.

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O terreno e o edifício reverteram para a câmara PAULO RICCA

O Ministério da Defesa devolveu o edifício da Manutenção Militar, localizado à entrada da Avenida Sá da Bandeira, à Câmara Municipal de Coimbra, CMC. O acto foi formalizado nesta terça-feira, numa cerimónia em que o secretário de Estado da Defesa Nacional, Marcos Perestrello, deu simbolicamente as chaves do edifício ao presidente da CMC, Manuel Machado.

A Manutenção Militar estava da posse do Exército desde 1899, data em que a autarquia firmou com o Ministério da Guerra a escritura para a cedência dos terrenos, com vista à construção do edifício. O documento foi assinado a 3 de Agosto “do ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e noventa e nove” na sala de sessões da câmara municipal, e nele estava estabelecido que no terreno seria construída uma sucursal da Manutenção Militar de Lisboa.

À época já ali tinha funcionado um matadouro e no edifício ao lado (onde hoje é a Escola Jaime Cortesão) estava instalado um hospício. 

A sexta cláusula do acordo previa que reverteria para a câmara “o terreno e o edifício que ficarem na posse do Ministério da Guerra, se deixarem de ser aplicados para a sucursal da Manutenção Militar ou para qualquer outro estabelecimento ou dependência militar do mesmo ministério”. Ora, a utilização do edifício foi decrescendo nas últimas décadas do século passado com a reorganização dos serviços do Exército e a infra-estrutrua tem estado sem ocupação nos últimos anos. Assim sendo, 118 anos depois cumpre-se o previsto na escritura.

Para aproveitar o prédio desocupado numas das principais vias do centro da cidade, Manuel Machado quer instalar ali um centro de documentação e de estudos municipais. O antigo edifício da Manutenção terá de ser adaptado para receber o “vasto espólio documental” que está na posse do município e que “deve ser estudado e estar acessível ao público”, considera o autarca. O espaço será aberto para “quem quiser conhecer a memória da cidade”.

Entre esse espólio municipal estão fotografias históricas de alguns dos principais pontos da cidade. Parte das imagens foi tirada por fotógrafos que foram acolhidos em Coimbra pela família Costa Alemão no final do século XIX, depois de terem abandonado Paris.

A obra vai ser incluída no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) de Coimbra e o custo estimado para a candidatar a fundos europeus é de 3,6 milhões de euros, mas o valor ainda não está definido.

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