Luís Filipe Vieira, o seu nome é estrutura

O presidente do Benfica teve o duplo mérito de absorver a oposição interna e ultrapassar a concorrência externa sem olhar para trás.

Luís Filipe Vieira
Fotogaleria
Luís Filipe Vieira PBC PEDRO CUNHA
Luís Filipe Vieira
Fotogaleria
Luís Filipe Vieira NFS - NUNO FERREIRA SANTOS
Luís Filipe Vieira
Fotogaleria
Luís Filipe Vieira Miguel Manso
Luís Filipe Vieira
Fotogaleria
Luís Filipe Vieira Miguel Manso
Luís Filipe Vieira
Fotogaleria
Luís Filipe Vieira NFS - NUNO FERREIRA SANTOS
Luís Filipe Vieira
Fotogaleria
Luís Filipe Vieira Rui Gaudencio

Há mais ou menos 13 anos, Luís Filipe Vieira (LFV) surgiu de repente num daqueles programas de discussão de futebol. Estava descansado em casa, dizia, mas ouviu coisas que não lhe agradaram e juntou-se à discussão. Garantia que estava calmo, mas que tinha ficado chateado com o que se estava a dizer. Foi em 2004, LFV estava no primeiro ano de presidência do Benfica e andava a apalpar terreno, a testar estratégias e a percorrer vários caminhos. O de interromper programas de televisão não era um deles, certamente. O LFV de 2017 reconhece que é “mais maduro” que o LFV desses tempos, mas essa madureza foi apenas uma das consequências de algo que LFV fez por implementar no Benfica: a tão famosa estrutura.

E já vão bem longe esses primeiros tempos de LFV no Benfica, primeiro como braço-direito de Manuel Vilarinho, depois como seu sucessor, em que a missão principal era fazer terraplanagem ao que Vale e Azevedo tinha deixado para poder montar a tal estrutura, uma coisa de cada vez. O que o Benfica destes últimos quatro anos mostra é que as coisas estão no lugar. Há dinheiro para investir (porque houve uma reestruturação financeira), mas também há espaço para promover o que vem do Seixal (porque existe uma academia no Seixal que é de excelência), há sucesso desportivo continuado por causa de tudo isto e suficientemente consolidado para sobreviver à fuga dos “cérebros” e continuar em clima de prosperidade.

Há uma estrutura para a parte financeira - e o Benfica tem tentado contrariar as torneiras fechadas da banca com outras formas de financiamento. Mesmo sem haver uma redução drástica do passivo, há credibilidade e há activos. A rentabilização da marca é feita com sucesso assinalável, a nível dos patrocínios e das transmissões televisivas. Há uma estrutura na prospecção e na formação e os talentos têm saído com frequência assinalável, rentabilizados desportiva e financeiramente - aqui também tem sido essencial a proximidade com Jorge Mendes. E a estrutura de comunicação também já impede LFV de invadir directos televisivos. Fala quando é preciso, ou tem outros que falem por ele.

Este foi o sexto título de campeão nacional do Benfica desde que LFV assumiu a presidência do clube, cada vez mais perto dos sete títulos conquistados no consulado de Borges Coutinho entre 1969 e 1977. Primeiro foi com Giovanni Trapattoni em 2005, interrompendo o mais longo jejum da história do clube (dez épocas), depois foi o primeiro com Jorge Jesus em 2010, antes de um mini-jejum de três anos, que acabaria em 2014. Como prova o "tetra" alcançado neste sábado, a estrutura benfiquista entrou em velocidade de cruzeiro e são os outros que têm de trabalhar para a alcançar.

LFV já é o presidente há mais tempo a ocupar a cadeira presidencial do Benfica e tem renovado os seus mandatos à frente do clube com pouca ou nenhuma oposição. No ano passado foi reeleito sem adversário no sufrágio. Em 2003, o presidente “encarnado” teve 90,5% dos votos contra Jaime Antunes e Guerra Madaleno. Em 2006, sem concorrência, teve 95,6% e, em 2009, 91,7% num acto eleitoral em que teve a oposição de Bruno Carvalho. As eleições de 2012 foram mesmo as mais “apertadas” para Vieira, em que o juiz Rui Rangel chegou aos 13,83%. E continua Rangel a fazer oposição? Não. Esteve na Comissão de honra de LFV nas últimas eleições.

Sem conflitos internos e com pouca concorrência externa, a Casa da Águia está a ganhar nesta permanente guerra dos tronos que é o futebol português. Cada um tem o seu, mas todos querem o trono de ferro, leia-se o título. Nos últimos 30 anos, Jorge Nuno Pinto da Costa, o pai dos "dragões", foi quem ganhou mais guerras, mas já vai em quatro sem ganhar nenhuma. A Casa do Leão tem um novo líder desde 2013 chamado Bruno de Carvalho, mas ainda não conseguiu escapar ao Inverno. E ambos acabaram de se aliar para tentar destronar Luís Filipe Ferreira Vieira, sócio n.º 3312 do Sport Lisboa e Benfica, do trono de ferro. 

 

Sugerir correcção
Comentar