Limpar e comer antes da paragem final

O Papa vai chegar ao final da tarde e ninguém quer perder a oportunidade de o ver.

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PAULO PIMENTA
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Sobra cada vez menos espaço livre no recinto do Santuário à medida que se aproxima o início da tarde e a hora da chegada do Papa Francisco. O altar já está enfeitado com flores nas cores do Vaticano, branco e amarelo, e varre-se a escadaria para que folhas e água suja não manchem o local. Cá em baixo, Manuel Rodrigues, 59 anos, envergando as tradicionais correias dos Servitas, observa a multidão, tal como o faz há 35 anos, disponível para ajudar quem puder e encaminhar para outros quem não souber ajudar. Fora do Santuário, é tempo da última refeição para muitos peregrinos e visitantes, antes de se dirigirem para a esplanada, de onde não pretendem voltar a sair tão cedo.

Os grupos não páram de chegar. Trazem bandeiras indicando de onde vêm e vêm de muitos lados: Venezuela, Lituânia, China… De todo o país há também sempre gente a chegar. Chegam de Vialonga, todos vestidos de branco; trazem t-shirts azuis e cantam “Eu acredito”, num gigantesco grupo de jovens de Lisboa. Agentes da GNR controlam os acessos e um deles garante que, ao contrário do que revela o atraso na chegada de grupos esperados há muito, “está tudo a circular normalmente”. Nos parques em torno do Santuário há rissóis, sopa, panados e bolo caseiro vindos de Viana do Castelo, Fundão ou Paredes.

Lurdes Ferreira, 53 anos, emigrante na Suíça, gostava de ter caminhado até Fátima, mas já não foi a tempo de se inscrever, por isso, veio no autocarro que saiu de Viana do Castelo às 23h de quinta-feira. Às 2h30 estavam a entrar no Santuário e a noite foi passada em claro, a aproveitar para fazer de noite o que as filas enormes que se formaram com o amanhecer, tornariam mais penoso. “Rezámos o terço, demos a volta à Capelinha das Aparições e fomos buscar umas velinhas para as pôr a arder. Depois, ficámos à espera que um café abrisse, às 7h, para tomarmos o pequeno-almoço”, diz, enquanto ataca o farnel partilhado com outros membros do grupo.

Não muito longe, José Duarte acaba com o que resta da salada de grão, enquanto a mulher, Maria Soledad Duarte, espera pela hora de distribuir as fatias de bolo caseiro. Chegaram às 7h da manhã, numa camioneta que deixou o Fundão duas horas antes. “Andámos toda a manhã no Santuário, demos a nossa esmola, pusemos as nossas velas e comprámos lembranças”, conta a mulher. Alguma coisa do Papa Francisco? Ela não, mas Hegino Cruz, 72 anos, mais um dos membros do grupo serrano, diz que sim. “Comprei um cachecol com a imagem dele. Gosto do Papa. Acho que é um homem que vai trazer paz ao mundo”, diz.

Quando terminarem de comer, vão encontrar o seu espaço nas clareiras que ainda existem na esplanada. E por lá ficarão pelo resto do dia. O mesmo deverão fazer as quase 600 pessoas da Obra do Bem-Fazer de Paredes – 480 peregrinos e 130 voluntários que prestam apoio. Às 13h, na grande tenda em que se instalaram, há fila para os panados com batata frita e salada e para sopa que Luís Silva, 71 anos feitos hoje, vai distribuindo. Servem-se, desde a noite de sexta-feira, “muito mais do que 200 refeições” a quem quer comer por ali. Um deles é António Lacerda, de 69 anos, que há 15 anos faz o caminho a pé para Fátima. Os olhos enchem-se-lhe de lágrimas quando recorda esse momento inicial. “Comecei por uma promessa a Nossa Senhora e uma questão de fé, depois fui continuando”, conta. E quando diz que a promessa foi por uma “questão de saúde”, já as lágrimas lhe rolam pelo rosto.

A refeição está no fim. O caminho é o mesmo para todos, a partir de agora. O Papa vai chegar ao final da tarde e ninguém quer perder a oportunidade de o ver.

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