Vai ser aberta a porta do farol da finisterra

É o ponto mais ocidental da Europa continental, nele um farol continua a desempenhar a missão de dar segurança no mar, que se cumpre desde 1772. O espaço - que o PÚBLICO visitou -vai ser aberto a todos.

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O Farol do Cabo da Roca sinaliza o ponto da costa mais ocidental da Europa Nuno Ferreira Santos
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O secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, e o Director dos Faróis, comandante Guerreiro Cardoso, visitaram as instalações do Farol do Cabo da Roca com o PÚBLICO NUNO FERREIRA SANTOS
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Uma imagem antiga do Cabo da Roca integra o património do Farol NUNO FERREIRA SANTOS
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O primeiro farol automático do Cabo da Roca foi um mecanismo a gás que data de 1917 Nuno Ferreira Santos
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O subchefe Pina, o responsável pelo Farol do Cabo da Roca, explicando o património museológico existente naquele local Nuno Ferreira Santos

Há menos de um ano, os actores Harrison Ford e Calista Flockhart tiveram o privilégio de lanchar na varanda do farol do Cabo da Roca e realizar o desejo mítico de terem direito a estar no ponto mais ocidental da Europa continental, esse lugar que é uma verdadeira finisterra europeia, dando azo à satisfação simbólica de tomarem uma refeição no sítio da Europa mais perto… da sua América.

Em breve, qualquer português vai poder fazer o mesmo e desfrutar de estar no sítio que foi classificado por Luís de Camões como aquele “onde a terra se acaba e o mar começa”. A razão para isso é que o Farol do Cabo da Roca vai ser requalificado e aberto a todos pela empresa pública Parques de Sintra – Monte da Lua, depois da assinatura de um protocolo nesse sentido com a Direcção-Geral da Autoridade Marítima, a 24 de Abril.

“Há condições de disponibilizar o farol para a fruição de todas as pessoas. A única coisa que eu fiz, nesta fase, foi abrir a porta”, assume em declarações ao PÚBLICO Marcos Perestrello, secretário de Estado da Defesa, responsável pela decisão de disponibilizar ao usufruto público daquela infra-estrutura da Marinha, cuja gestão cabe à Direcção dos Faróis.

Explicando os objectivos da sua decisão em visita, exclusiva para o PÚBLICO, às instalações do Farol do Cabo da Roca - e na qual participaram o director dos Faróis, comandante Guerreiro Cardoso, e o responsável por aquela infra-estrutura, subchefe Pina -, o secretário de Estado da Defesa afirma que esta decisão de abrir à “fruição” de todos o Farol em nada conflitua com a manutenção da sua função central de assinalar o ponto da costa portuguesa e assim garantir a segurança marítima – uma missão que cumpre desde a sua fundação em 1772.

Essa tarefa que é actualmente assegurada por uma equipa de três faroleiros - os quais vivem no local com as suas famílias -, continuará a ser cumprida e manter-se-á inserida na rede nacional de faróis. Mas mesmo assim, existem no perímetro do Farol do Cabo da Roca instalações vazias que podem ser potenciadas para o lazer público, por exemplo através da instalação de um restaurante com esplanada, sublinha Marcos Perestrello.

A gestão concreta do projecto será feita pela empresa Monte da Lua durante o período de dez anos de concessão que o protocolo assinado estabelece. Já responsável pela gestão de variadíssimos monumentos concelho de Sintra assim como o Picadeiro de Belém, esta empresa irá agora elaborar um plano de detalhe de requalificação do perímetro do farol mas também de toda a área envolvente, que é uma referência dos roteiros turísticos da região, mas que, segundo as palavras do secretário de Estado da Defesa, “está muito antiquada e deve ser reabilitada de forma integrada de forma a ampliar o potencial turístico”.

Os encargos com a requalificação integrada da área do Cabo da Roca e com a recuperação das infra-estruturas existentes serão da responsabilidade da empresa Parques de Sintra – Monte da Lua e está prevista no protocolo assinado a possibilidade de captação de financiamentos e de parceiros empresariais.

O objectivo é permitir que mais pessoas disfrutem do potencial peculiar que a área do Cabo da Roca oferece e o façam em melhores condições que hoje é possível. Isto porque o próprio farol está aberto ao público apenas às quartas-feiras à tarde, sendo permitidos apenas quinze visitantes em cada tarde. Em causa está precisamente o facto de não existir nenhum projecto de usufruto público associado ao farol e as visitas permitidas terem de ser garantidas pela própria equipa de faroleiros que se ocupam das funções de sinalização marítima daquele equipamento.

Um dos vectores em que o Farol do Cabo da Roca poderá vir a ser usado de forma a potenciar o seu capital turístico é o museológico, potenciando as várias “jóias” que existem no seu interior. Na torre do farol, além de existir o mecanismo automático que hoje sinaliza o ponto mais ocidental do continente europeu, são mantidas – praticamente todas ainda em condições de funcionamento – diversas peças históricas que noutros tempos estiveram no cimo da torre a comunicar com os navios. É o caso do primeiro farol automático que ali existiu, um mecanismo a gás que data de 1917.

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