Exposição Um Compromisso para o Futuro é inaugurada em Lisboa

Santa Casa da Misericórdia acolhe mostra comissariada por Henrique Leitão, Prémio Pessoa 2014, e que vai ficar patente até 10 de Setembro.

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Virgen de la Misericordia é atribuída a um pintor anónimo referenciado como "Maestro de Teruel" DR

Uma tela dos Museus do Vaticano faz parte da exposição Um Compromisso para o Futuro, que é inaugurada esta quarta-feira, às 18h00, na galeria de exposições temporárias da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).

A mostra, comissariada pelo catedrático da Universidade de Lisboa Henrique Leitão, Prémio Pessoa 2014, celebra o quinto centenário da primeira edição impressa do Compromisso da Confraria de Misericórdia e a sua actualidade, uma vez que o documento "regulamenta a organização, as actividades e as funções da Confraria da Misericórdia e, ao mesmo tempo, anuncia, em letra impressa, o imperativo moral da realização das 'Obras de Misericórdia' e do socorro material e espiritual aos mais necessitados, ou seja, aquele que seria o ideal e a prática das Misericórdias ao longo dos séculos, até aos dias de hoje", lê-se no comunicado da SCML.

Da exposição, aberta até 10 de Setembro, fazem parte, entre outras peças, um exemplar da primeira edição impressa do Compromisso, datada de 1516, e duas pinturas quatrocentistas "nunca antes exibidas em Portugal": Opere di Misericordia: Seppelire i morti, de Olivuccio de Ciccarello, pertencente aos Museus do Vaticano, e Virgen de la Misericordia, atribuída a um pintor anónimo referenciado como "Maestro de Teruel", que faz parte do espólio do Museu de Arte Sacra de Teruel, na região autónoma espanhola de Aragão.

A Opere di Misericordia: Seppelire i morti, de Ciccarello, tem origem num conjunto de seis tábuas representativas das Obras de Misericórdia, executadas em 1404 para a Igreja de Santa Maria da Misericórdia, em Ancona, Itália, destruída durante a II Guerra Mundial.

"Este pintor foi considerado um artista de primeiro plano da escola de Ancona, activa entre os séculos XIV e XV, num contexto tardo-gótico. Aliás, esta situação está bem retratada quando na comissão para executar os frescos da Santa Casa do Loreto é tratado como Magister Alegutius Cicarelli de Ancona", adiantou a SCML à agência Lusa.

Quanto à Virgen de la Misericordia, a SCML realça que "é uma das obras mais significativas da pintura gótica dos reinos hispanos-medievais, pela sua riqueza e originalidade iconográfica, bem como pela sua grande qualidade técnica, razão pela qual, até agora, nunca tinha sido autorizada a sua saída de Espanha". A tela apresenta uma "representação da sociedade medieval, formada por personagens de toda a condição e natureza".

Na mostra estará também representada a pintura quinhentista Virgem da Misericórdia, atribuída a Gregório Lopes, do espólio da Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra, e que "é representativa da grande qualidade das encomendas efectuadas pelas Misericórdias portuguesas".

Um conjunto de imagens encomendadas a fotógrafos portugueses, que "ilustram a modernidade das Obras de Misericórdia e demonstram a sua importância na actualidade", faz parte da exposição, remata o comunicado.

São 14 as Obras de Misericórdia, sete corporais – "Dar de comer a quem tem fome", "Dar de beber a quem tem sede", "Vestir os nus", "Dar pousada aos peregrinos", "Assistir aos enfermos", "Visitar os presos" e "Enterrar os mortos" –; e sete espirituais – "Dar bons conselhos", "Ensinar os ignorantes", "Corrigir os que erram", "Consolar os tristes", "Perdoar as injúrias", "Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo" e "Rogar a Deus por vivos e defuntos". 

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