BPI agrava comissões e aproxima-se dos concorrentes

Pedidos de cheques com agravamentos entre 70% e mais de 300%. Deco Proteste lamenta que Caixabank não marque a diferença nesta questão.

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Pablo Forero definiu como meta aumentar receitas do banco em 35 milhões de euros Paulo Pimenta

Os clientes do BPI aguentam mais comissões? Ai aguentam, aguentam. Esta é uma adaptação da célebre frase de Fernando Ulrich, ex-presidente do banco, sobre a capacidade dos portugueses para suportar mais medidas de austeridade e serve para ilustrar mais uma actualização que o banco vai introduzir às comissões associadas aos meios de pagamento (cartões de débito, crédito e cheques).

O agravamento, que entrará em vigor a 1 de Agosto, acontece depois de alterações às contas de depósito à ordem, introduzidas a 1 de Maio, e a outras operações com o estrangeiro, a introduzir em Junho. Estas alterações, algumas a assumir valores percentuais muito elevados, acontecem já depois de concretizado o domínio do Caixabank, o accionista espanhol que prometeu fazer uma "evolução tranquila”. Mas o novo dono, que colocou à frente da gestão o espanhol Pablo Forero, também anunciou o objectivo de aumentar as receitas em 35 milhões de euros, uma das componentes do plano para tornar o banco mais “eficiente”.

Um porta-voz do banco explicou ao PÚBLICO que "mesmo com estes aumentos, o preçário do BPI está abaixo da média do mercado e não é o mais elevado em nenhum produto".

O BPI é o único banco aumentar as comissões? “ Infelizmente não. O movimento de agravamento de custos é transversal ao sector”, como admitiu ao PÚBLICO o economista da Deco Proteste, Nuno Rico, que mesmo assim não deixa de lamentar que “o banco tenha optado por um nivelamento das comissões praticadas pelos quatro maiores bancos a operar em Portugal (Caixa Geral de Depósitos, Novo Banco, Santander e BCP).

Nuno Rico admite que até há pouco tempo o BPI era considerado o mais barato dos cinco maiores, mas essa diferença “já se esbateu”, existindo “uma grande coincidência entre as comissões cobradas por este grupo de bancos, que agregam 85% dos clientes bancários”. O economista lamenta ainda que “a mudança accionista [no BPI] não se tenha traduzido por uma nova forma de estar no negócio, em vez se seguir a mesma linha”.

Como noticiou recentemente o jornal online ECO, o BPI salta para os lugares da frente em várias das comissões a actualizar. Os aumentos mais expressivos, embora afectem menos pessoas, acontecem na emissão de cheques, onde as subidas chegam aos 70%. E como o BPI vai descontinuar o desconto dado no primeiro módulo de 10 cheques requisitados, isso implica que a primeira requisição de um módulo desta dimensão vai encarecer em 350%, passando de quatro euros para os 18 euros, refere o ECO.

Percentualmente menos expressivos, mas a afectar muito mais clientes, e a pesar mais na carteira, estão custos como a comissão de manutenção de conta. De acordo com uma comparação da DECO Proteste, o custo no BPI sobe para 62,40 euros anuais, mais que a CGD (61,78 euros), mas ainda menos que o Novo Banco, o Santander e o Millennium BCP. Na anuidade dos cartões de débito, o aumento que o BPI se prepara para fazer eleva o custo de 15 euros para 18 euros, igualando os restantes, à excepção do Novo Banco, que cobra 22 euros. Nos cartões de crédito, a anuidade sobe para 20,80 euros, disputando a liderança com o Santander.

O aumento de custos operacionais, como os custos com o Fundo de Resolução, as contribuições para o fundo de garantia dos depósitos, as maiores necessidades de capital, e as taxas de juro negativas (crédito à habitação e quase zero nos depósitos) são argumentos que a banca tem utilizado para justificar o aumento da factura a pagar pelos clientes.

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