A luz e a cegueira em duelo no Imaginarius de Santa Maria da Feira

O Festival Internacional de Artes de Rua traz 400 artistas de 13 países a Santa Maria da Feira, Aveiro, entre 25 a 27 de Maio.

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pp paulo pimenta

O Imaginarius, Festival Internacional de Artes de Rua, regressa a Santa Maria da Feira de 25 a 27 de Maio, com 400 artistas, 49 companhias e 11 estreias mundiais, num cartaz inspirado pela antítese entre cegueira e luz.

"Com um programa artístico que conceptualmente coabita na antítese entre a cegueira e a luz, o Imaginarius apresenta em 2017 um conjunto de propostas de todo o mundo, que nos farão reflectir a sociedade e a nossa forma de ser e estar", anunciou na quinta-feira à noite a organização do programa, apresentado em conferência de imprensa.

A luz como elemento "de união e propagação de emoções sociais" contrastará assim "com a escuridão da competição e da ascensão ao poder", no que o objectivo do festival é demonstrar como esses dois conceitos podem constituir "elementos de provocação e reflexão crítica nas cidades de hoje", levando assim a "pensar um novo mundo", adiantou a organização.

O presidente da autarquia disse acreditar que, nessa semana de maio, "Santa Maria da Feira vai ser o centro do mundo" no que se refere à criação artística para intervenção no espaço público, já que, além do programa com dezenas de propostas gratuitas para todas as idades, o festival acolherá em paralelo o seminário internacional Fresh Street #2, com 450 profissionais do sector, oriundos de 40 países.

"Já discutimos uma visão nova do mundo em Santa Maria da Feira. Tínhamos vontade de desenvolver toda uma oferta criativa que também vendesse (...) e agora já temos mercado para a nossa criatividade e as nossas companhias - área em que vão surgir muitos empregos no futuro", realçou Emídio Sousa.

O programa da 17.ª edição do Imaginarius será protagonizado por 400 artistas, em representação de 49 companhias, de 13 países, propondo 41 espectáculos, instalações efémeras e intervenções em espaço urbano. Onze dessas performances nunca antes foram apresentadas ao público, pelo que constituem estreias absolutas, e 23 terão agora a sua primeira exibição em Portugal.

Nos seus diferentes horários, o cartaz inclui mais de 140 apresentações ao público, sempre sobre temáticas que pretendem fazer reflectir sobre a sociedade actual e o espaço urbano.

Entre as propostas anunciadas, a organização destaca o regresso da instalação "A Donzela", peça de renda que Joana Vasconcelos criou há 10 anos com a ajuda da comunidade sénior da Feira e que agora voltará a decorar a torre de menagem do castelo local, depois de uma nova intervenção por artesãs locais.

As companhias britânicas NoFit State Circus e Motionhouse, por sua vez, apresentarão em estreia nacional o espectáculo Block, que abordará com circo e dança a forma como o bloco de betão se tornou um elemento central e estrutural das cidades de hoje.

Também do Reino Unido, chegará a tenda com túneis de luz caleidoscópicos que o colectivo Architects of Air propõe para "uma viagem intimista e introspectiva" e da Bélgica virá o espectáculo de grande formato Pedaleando hacia el cielo, com que a companhia Theater TOL se propõe reconquistar o céu da Feira com projecções a 360 graus e "anjos que pedalam as nuvens".

A cidade acolherá ainda instalações de luz desenvolvidas sob a coordenação do festival sueco Lights in Alingsas; um espectáculo sobre "feridas da memória", concebido em parceria luso-catalã com o festival FiraTàrrega; e a performance interactiva em que a companhia brasileira Desvio Colectivo exibirá 30 performers vendados e cobertos de argila, depois de "petrificados" pelo capitalismo.

O festival voltará ainda a explorar as vertentes específicas do Imaginarius Infantil, com propostas específicas para os mais novos, e do Mais Imaginarius, que, entre 190 candidaturas de 38 países, seleccionou para esta edição 20 projectos emergentes de intervenção no espaço público.

Na Rua Roberto Alves foi já hoje inaugurada a instalação Canopy, do coleCtivo português FAHR 021.3, que até 11 de Junho recorre a 126 metros de ripas de madeira suspensas para direccionar o olhar dos transeuntes para o castelo e assim estabelecer "um jogo de perspectivas entre o cidadão e os limites da cidade".

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