Fátima: “O crescimento de dormidas de sul-coreanos é de facto extraordinário”

Associação Empresarial Ourém-Fátima acredita que é possível tirar melhor partido da vinda de turistas asiáticos a Fátima.

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Começaram a chegar sem que tenha havido uma estratégia de atracção definida. “O aumento foi orgânico. Na Coreia do Sul ninguém fez nada. Começaram a aparecer sul-coreanos nos últimos anos. De poucas centenas para dezenas de milhares”, diz o vice-presidente da Associação Empresarial Ourém-Fátima (ACISO), Alexandre Marto.

Fora da Europa, o catolicismo está a crescer e “esta ideia eurocêntrica de que a igreja está cada vez mais fraca não tem adesão quando se olha para o resto do mundo”. Não só através do aumento da população, mas também por via de novas conversões. A juntar a este factor está o crescimento de várias economias na Ásia oriental, bem como o aumento pronunciado do tráfego aéreo internacional.

“O crescimento de dormidas de sul-coreanos é de facto extraordinário”, considera Alexandre Marto, referindo-se à passagem de 6846 dormidas, em 2010, para 26.618, em 2014. Já o aumento de visitantes indonésios não se reflecte nas dormidas.

“A ACISO apercebeu-se disso” e tem trabalhado na promoção de Fátima em 2017 como destino religioso, num projecto candidato a fundos comunitários e apoiado pelo Turismo do Centro. A agenda inclui deslocações a países como Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas ou Brasil. A associação realiza também anualmente um workshop de turismo religioso que conta com presença de comitivas de várias geografias.

O empresário do ramo da hotelaria diz que quem visita Fátima vindo destas zonas do globo, embora tenha ali “a grande âncora”, acaba por fazer a “triangulação com Compostela e Lourdes”. “É preciso apostar em parcerias com estas cidades” defende.

Uma visita pouco proveitosa

Em 2014, o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, fez uma visita de estado a Seul. Levou com ele uma comitiva de empresários, entre os quais estava Nélson Miranda, sub-director da Scalivete, um operador turístico religioso.

O objectivo era apanhar a maré alta do mercado asiático, mas os contactos acabaram por não dar “os frutos esperados”. É “um mercado muito complicado”, considera Nélson Miranda, que explica que a questão da língua e a exigência dos turistas, “que só querem viajar pela companhia aérea de bandeira”, são algumas das principais barreiras.

A Korean Air viaja para Madrid e Barcelona, mas não para aeroportos nacionais, pelo que a maioria dos turistas sul coreanos que acaba por passar por Portugal fá-lo por intermédio de operadores do país vizinho. O responsável afirma que “é difícil de fazer concorrência aos espanhóis” e acrescenta que da visita à Coreia do Sul não resultou um acréscimo de clientes. “Ainda não estamos consolidados nas relações com o mercado asiático”, declara.

A Scalivete trabalha apenas na recepção de turistas e é detida na sua maioria pela Igreja Católica, tendo como principais sócios a diocese de Bréscia e a diocese de Munique. Assim, os principais mercados em que a operadora se movimenta são o italiano e o alemão.

Alexandro Marto estima que metade do trafego de turistas extra-europeu que passa por Fátima seja controlado por agentes espanhóis. Isto acontece “essencialmente devido aos voos e à dimensão dos operadores”. Um circuito que aterre em Espanha envolve mais noite no país vizinho que em Portugal, deixando um rasto económico mais pronunciado do outro lado da fronteira. “Este fluxo deve ser acarinhado. É preciso fazer um esforço para abrir mais rotas.”

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