Condenação da situação na Venezuela isola PCP

Posição da bancada comunista é "chocante" para o PSD e uma "vergonha" para o CDS.

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MANUEL DE ALMEIDA

Foi aprovado nesta sexta-feira pelas bancadas do PSD, PS, BE e CDS um voto de "condenação e preocupação" pelo agravamento da situação na Venezuela. Só PCP e PEV votaram contra. Já o voto da bancada comunista contra as "ingerências e a desestabilização" no país acabou chumbado, com o PS a demarcar-se deste ponto.

No debate que decorreu momentos antes da votação, as divergências entre os comunistas e as restantes bancadas ficaram visíveis. A social-democrata Sara Madruga da Costa considerou “chocante” que o PCP apresentasse um voto a defender um regime “ditatorial” e acusou os comunistas de serem “cúmplices” de um regime “antidemocratico”.

“A quatro dias do 25 de Abril é triste ver o PCP defender valores opostos aos valores de Abril”, afirmou a deputada, num debate quente no plenário. O socialista Paulo Pisco disse não haver “argumentos nem artifícios políticos" para justificar o que o povo venezuelano está a passar. E rejeitou também o argumento da ingerência externa usado pelo PCP e que viria a ser reiterado no plenário pela deputada Carla Cruz.

“A Venezuela é vítima das acções de ingerência e de campanhas de desinformação hoje aqui muito bem patentes. Há vários anos que a Venezuela está a sofrer com a Administração Trump e outras administrações”, disse a deputada. O argumento também foi questionado pelo deputado do CDS, Telmo Correia. “Ingerência, mas qual ingerência? Eu pergunto: quem ganhou as eleições? Foi a oposição com quase 60%”, afirmou, qualificando como uma “vergonha” a posição do PCP.

E sobre a população LGBT da Tchetchénia...

Pelo Bloco de Esquerda, o líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, preferiu atacar as bancadas da direita, lembrando que os deputados Telmo Correia e Sara Madruga da Costa “se calaram” quando o Bloco pediu condenação e a libertação dos presos políticos em Angola.

Relativamente a um voto de condenação pela perseguição da população LGBT na República da Tchetchénia, o PCP ficou isolado, ao abster-se, quando as restantes bancadas estiveram a favor. Numa  declaração de voto, a bancada comunista argumentou “não ter sido possível confirmar os factos invocados” que vieram a público, segundo o próprio voto, de "notícias em vários órgãos de comunicação social internacionais". Esses relatos dão conta de que o Governo “terá aberto um campo de concentração para população LGBT”. 

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