Cartas ao director

Dantes não se descontava

No caso das reformas antecipadas, discute-se se devem ser 48 ou 46 os anos de desconto para a Previdência, para quem já tenha 60 anos de idade se poder reformar sem penalização. Falando-se em a pessoa ter começado a trabalhar com 12 ou 14 anos. A questão não é se foi nesta ou naquela idade que se começou a trabalhar. Quase todas as pessoas da minha geração começaram a trabalhar muito cedo. A magna questão é o facto de o trabalho não ter sido sempre acompanhado de descontos para a Caixa de Previdência.

Três exemplos. Antónia começou a trabalhar aos 13 anos numa fábrica de lanifícios em Lisboa. Quando aparecia alguém que se suspeitasse ser o fiscal do trabalho tinha de se esconder no meio dos fardos de lã, porque estava numa situação clandestina. Bento começou a trabalhar aos 12 anos, numa bomba de gasolina perto do Algarve, e quando aparecia algum homem que se suspeitasse ser o fiscal era-lhe dada uma bola e ali disfarçadamente jogava. Carlos começou a trabalhar aos 13 anos, numa loja onde se vendia de tudo. Quando aparecia alguém desconhecido tinha de passar para fora do balcão e fingir que era um cliente ou sorrateiramente sair mesmo para a rua.

Aqui deixo esta atenção à Concertação Social: por favor, não penalizemos quem já foi penalizado ao trabalhar sem ter quaisquer regalias, incluindo as férias, e sem ter descontado — não por culpa sua — para a Previdência.

Rui Carvalho, Seixal

Visões místicas ou aparições

“Maria não vem do céu por aí abaixo.” As palavras de D. Carlos Azevedo (PÚBLICO de 21 de Abril) fazem luz sobre os acontecimentos há um século na Cova da Iria. Contudo, esta posição em nada altera a devoção mariana das aparições aos três pastorinhos de Aljustrel. Os peregrinos a pé buscam em Fátima força e esperança. Mil abraços aos caminheiros de Fátima. O sofrimento físico é compensado com a chegada ao santuário mariano. A canonização dos beatos Jacinta e Francisco Marto a 13 de Maio faz do santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima o Altar do Mundo. Canonização e centenário lembrando as comunidades cristãs perseguidas.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Abriu a época de todas as ignições

Este ano, e antes de chegarmos a um qualquer “Verão quente”, eis que os incêndios espontâneos já aí estão de “pedra e cal”, ou melhor, de fogo posto e cinzas. Como estamos situados num clima “quentíssimo”, com brasas deambulando por tudo quanto é sítio, só copiosas bebedeiras, como as que foram alvitradas pelo “mulherengo e copofónico” presidente do Eurogrupo, poderão refrescar-nos as nossas ensandecidas monas/cabeças, a fim de se pôr termo a tanto desvario colectivo, com fogos de permeio. Assim, como a procissão ainda está no adro, lá chegará o tempo em que tudo de novo arderá e ninguém dormirá. (…)

José Amaral, Vila Nova de Gaia

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