Perder o telemóvel é considerado mais perturbador do que o fim de uma relação

Numa sondagem online, um quarto dos inquiridos admitiu ter fotografias de informação sensível (como fotografias do passaporte, carta de condução e seguros) no telemóvel.

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Dos inquiridos 53% disseram não ter uma palavra-passe para aceder ao smartphone nelson garrido

Na lista de acontecimentos considerados mais alarmantes, perder o smartphone ou perder todas as fotografias gravadas no aparelho apenas é ultrapassado pela descoberta da doença de um familiar, segundo as respostas a um inquérito global a mais de 16 mil pessoas. Em muitos países do mundo, o desaparecimento do aparelho é visto como pior do que ter um acidente de carro (sem danos físicos para os ocupantes) ou acabar uma relação amorosa.

Embora perto de um quarto dos inquiridos admita ter fotografias de informação sensível (fotografias do passaporte, carta de condução e seguro) no telemóvel, o destaque foi para as fotografias e vídeos pessoais, com 49% a identificá-los como os dados mais valiosos que guardam nos dispositivos.

Os números fazem parte de um relatório da empresa de segurança informática Kapersky, publicado esta semana, para perceber o valor que as pessoas dão aos dados guardados nos aparelhos electrónicos. Além de um inquérito online a 16.250 pessoas com mais de 16 anos em 17 países diferentes (incluindo mil pessoas em Portugal) feito durante o mês de Janeiro, os investigadores também realizaram estudos mais pequenos na Universidade de Würzburg, na Alemanha, onde perguntaram a 53 participantes (com uma média de 31 anos) o valor monetário dos seus dados.

“Os resultados mostram contradições no comportamento das pessoas”, concluem os investigadores da Kapersky. Isto, porque, em média, os participantes do estudo de Würzburg disseram apenas precisar de cerca de cerca de dez euros para apagar todas as fotografias arquivadas no telemóvel, com o valor a subir para 75 euros quando o pedido era referente a todos os dados (inclusive documentos privados, emails e detalhes financeiros). Apenas nove participantes, dos 53, mencionaram valores superiores a 500 euros.

“A experiência está a mostrar-nos que tem de existir uma diferença entre valor emocional e valor monetário”, escrevem os investigadores. Segundo Alfonso Ramírez, o director-geral da Kaspersky Lab Ibéria, os resultados de ambos os estudos revelam que “as pessoas mostram-se preocupadas com o valor dos seus dados, mas o valor emocional não se reflecte nas acções do dia-a-dia”. Embora muitos considerem a perda de memórias digitais como “extremamente stressante”, ainda não “conseguem pôr um preço nisso” e, como tal, não investem na protecção dos seus dados.

No inquérito global, 53% disseram não utilizar uma palavra-passe para aceder ao smartphone, e apenas 43% tinham cópias de segurança da informação. Apesar do medo da cibercriminalidade (com 73% dos inquiridos a indicá-la como um alto risco para a segurança dos seus dados), uma das grandes razões para a perda dos dados era a falta de atenção por parte dos próprios utilizadores (40% terá apagado informação no telemóvel acidentalmente). Houve ainda 30% a considerarem que colocam os aparelhos e a informação neles contida em perigo quando estão sob a influência de álcool ou drogas.

“O relatório mostra a estima que as pessoas têm pelos seus dados electrónicos – mas também os riscos desnecessários a que os dados são expostos devido à falta de protecção e atenção dos utilizadores”, concluem os investigadores. Recomendam, por exemplo, que as pessoas “tenham o poder de destruir dados electrónicos” com mais frequência (especialmente considerando que o valor monetário que lhes atribuem é baixo), para evitar que informação importante caia nas mãos erradas. Além disso, sugerem que os utilizadores façam cópias de segurança com regularidade e não menosprezem palavras-passe ao utilizar a mesma para todas as contas e serviços.

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