Itália também sofre com o sarampo

Desde o início do ano, o país regista já 1603 casos de sarampo. No Governo debate-se a necessidade de tornar a vacinação obrigatória.

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A vacinação é o meio mais eficaz para evitar a doença PAULO RICCA/ARQUIVO

Desde o início do ano foram registados 1603 casos de sarampo em Itália, de acordo com o Ministério da Saúde do país, sendo que 88% dos afectados não tinham sido vacinados. Estes números contrastam com cerca de 840 casos registados no país em 2016 e 250 em 2015. “Neste momento, a Itália e a Roménia enfrentam uma epidemia”, declarou o presidente do Instituto Nacional de Saúde, Walter Ricciardi.

Ricciardi disse ainda compreender a decisão do Centro de Controlo e Prevenção de doenças (CDC) norte-americano de avisar os cidadãos que planeiam viajar para outros países para serem cautelosos perante o surto da doença que pode ser fatal. O presidente da instituição elogiou ainda, em entrevista à Radio 24, a intensa campanha de sensibilização feita nos Estados Unidos para alertar para os benefícios da vacinação, sublinhando que tal não aconteceu em Itália.

Só 85% das crianças italianas com dois anos estão a ser vacinadas contra o sarampo, alertou ainda Ricciardi, lembrando que esta percentagem fica aquém dos 95% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em Itália, o debate em torno da vacinação em Itália está aceso. O Governo de centro-esquerda acusou o partido da oposição M5S de estar a questionar a eficácia e confiabilidade das vacinas, dificultando a necessidade de tornar as vacinas obrigatórias.

“As vacinas tiveram um papel importante na erradicação de doenças terríveis; mas, ainda assim, têm um risco associado aos efeitos secundários”, afirmou, citado pela Reuters, o criador do partido M5S, Beppe Grillo, corria o ano de 2015. Grillo considerou que a vacinação obrigatória era uma “dádiva” para as empresas farmacêuticas multinacionais.

Casos de sarampo no estrangeiro

Para além de Itália, a Roménia é um dos países que registam mais números de casos desta doença contagiosa. Desde Setembro de 2016 a Março de 2017, a Roménia registou 4025 casos de sarampo.

Nos Estados Unidos foram registados 28 casos de pessoas com sarampo entre o início de Janeiro e 25 de Março deste ano, de acordo com o CDC (Centro de Controlo e Prevenção de Doenças norte-americano). 

No Reino Unido, registaram-se 547 casos de sarampo em 2016, um aumento relativamente a 2015 (em que houve 91 casos registados) e um decréscimo quando comparado com 2012, em que houve 2030 casos de sarampo registados.

Pelo menos 14 países europeus têm registado surtos de sarampo desde o início deste ano. Segundo o Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa), o número de países europeus com casos de sarampo foi crescendo no início deste ano e quase todos eles terão ligação ao surto que começou na Roménia em Fevereiro de 2016. 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, só em 2015 foram registadas mais de 130 mil mortes causadas por sarampo em todo o mundo. Mesmo tratando-se de um número elevado, é um resultado que surge depois da queda de 79% nas mortes causadas por sarampo entre 2000 e 2015. Esta queda verificou-se devido ao aumento da vacinação, que impediu 20,3 milhões de mortes durante os 15 anos, estima a OMS.

O sarampo é uma das infecções virais mais contagiosas, habitualmente é benigna mas pode ser grave e até levar à morte. A vacinação é a principal medida de prevenção contra o sarampo e a vacina é, em Portugal, gratuita e está incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV). As crianças devem ser vacinadas aos 12 meses e repetir a vacina aos cinco anos.

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