Erdogan defende-se de acusações de poder absoluto: "Posso morrer a qualquer momento"

Presidente turco dá primeira entrevista após referendo em que a sua proposta de alteração constitucional para concentrar poder venceu por 51,4%.

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Erdogan recusa querer poder absoluto TUMAY BERKIN/EPA

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, insistiu, numa entrevista à emissora norte-americana CNN, que a reforma constitucional que será feita depois de ter sido aprovada em referendo não o torna um ditador.

“Sou apenas um mortal, posso morrer a qualquer momento”, declarou Erdogan, recusando que se trate de uma concentração de poderes – executivo, judicial, legislativo – na Presidência, ou seja, no cargo que ele próprio ocupa – e de uma série de medidas que podem fazer com que se mantenha no cargo até 2029 (ou mesmo 2033).

“Onde há ditaduras, não é preciso ter um sistema presidencialista”, defendeu-se. “Aqui tivemos uma votação”, continuou. “A democracia deve o seu poder ao povo. Por isso lhe chamámos a vontade nacional.”

A mudança é precisa, repetiu. "O sistema representa uma mudança, uma transformação na História democrática da Turquia".

O referendo venceu com 51,4% do voto e após uma alteração de regras de contagem de votos em que boletins sem o selo da comissão eleitoral passaram a ser considerados válidos, o que foi motivo para não reconhecer as eleições pela oposição (pela primeira vez na história da Turquia moderna) e considerado uma ilegalidade pela missão de observadores da OSCE.

Alemanha e França pediram que Erdogan dialogue com a oposição face ao resultado tão próximo. Mas isso não parece ser o caminho tomado pelo Presidente turco:

"É como no futebol, o que interessa é quem vence, não interessa se é por 1-0 ou 5-0".

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