Em Lisboa, o Banco do Azulejo já funciona e inventário vai a meio

Banco municipal guarda 30 mil mosaicos provenientes de edifícios demolidos ou intervencionados, doados ao município ou alvo de permutas. Todos os azulejos existentes no espaço público de 11 freguesias lisboetas já estão na lista da câmara.

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Fabio Augusto

Era Novembro de 2011 e o executivo camarário aprovava, em reunião de câmara, o Programa de Investigação e Salvaguarda do Azulejo de Lisboa (PISAL). Um dos objectivos era a criação de um Banco Municipal do Azulejo (BMAzulejo), um projecto que no ano passado saiu finalmente da gaveta.

A garantia de que o banco municipal está já em funcionamento veio do pelouro da Cultura da Câmara de Lisboa, em resposta a questões do PÚBLICO. O trabalho está “a ser desenvolvido no último ano, depois de um período de preparação”, adiantou fonte do gabinete de Catarina Vaz Pinto.

Na sua génese, o BMAzulejo funciona como um centro de investigação e de recolha dos mosaicos provenientes das intervenções de reabilitação urbana na cidade, à semelhança daquilo que é feito há vários anos pelas câmaras de Aveiro, Ovar e Porto. Em Lisboa, estão depositados no banco, sediado em Benfica, 30 mil azulejos provenientes de edifícios demolidos ou intervencionados, doados ao município ou alvo de permutas.

No entanto, a autarquia sublinha que a prioridade “é a reintegração dos azulejos nos edifícios e no espaço público, onde fazem sentido e a que pertencem”. Só os que não podem ser imediatamente integrados são colocados no banco. “Sempre que as quantidades o permitam”, os azulejos são doados para “colmatar faltas em revestimentos de edifícios municipais ou privados”.

O banco surgiu, não apenas para recolha e restauro das peças, mas também para que fosse criado um acervo de imagens de todos os azulejos existentes no espaço público da cidade. O levantamento desta azulejaria está em curso e metade dos azulejos estão inventariados (cerca de cinco mil edifícios). Nas freguesias de Belém, Ajuda, Alcântara, Estrela, Campo de Ourique, Benfica, Campolide, Avenidas Novas, Arroios, São Domingos de Benfica e Carnide todos os azulejos existentes no espaço público já estão na lista da câmara.

Este levantamento pretende fazer frente ao desaparecimento sucessivo da azulejaria dos espaços públicos. Serve ainda como forma de preservar a memória histórica e patrimonial de Lisboa, defende a autarquia.

29 mil azulejos do Museu de Lisboa

Parte do acervo azulejar da Colecção de Azulejaria Olisiponense do Museu de Lisboa, considerado sem interesse museológico, foi incorporado no BMAzulejo. São cerca de 29 mil azulejos. Já há dois anos, o director deste espaço do Museu de Lisboa falava na falta de capacidade física para lá manter os azulejos. “Faz sentido que os azulejos sejam reutilizados”, disse António Miranda em 2015 ao PÚBLICO.

O processo de inventariação e acondicionamento deste material deve estar concluído no final do ano, prevê o pelouro dirigido por Catarina Vaz Pinto. Trabalho em curso feito pelos técnicos do BMAzulejo, que, dada a necessidade de especialização, integram o Serviço de Azulejaria da Divisão de Salvaguarda do Património Cultural da autarquia.

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