Atentado de Dortmund pode afinal ser obra da extrema-direita

Num relatório, os investigadores do atentado de terça-feira contra o autocarro do Borussia Dortmund manifestam dúvidas quanto à autoria jihadista do atentado. Neste momento, inclinam-se para a hipótese de ter sido obra da extrema-direita.

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O autocarro estava nas proximidades do hotel em que a equipa estava alojada quando se deram as explosões Reuters/Reuters Staff

Houve primeiro uma reivindação online de uma organização de extrema-esquerda, pista posta de parte pelos investigadores quando foram descobertas três cartas que indiciariam a responsabilidade de jihadistas. Mas agora, os responsáveis pela investigação ao ataque com três bombas contra autocarro do Borussia Dortmund, na última terça-feira, têm activistas de extrema-direita na mira.

Segundo a estação de televisão pública alemã ARD, os investigadores manifestam “dúvidas significativas” sobre as cartas e sugerem que o acto terrorista terá sido obra da extrema-direita, que pretendeu fazê-lo passar junto da população como obra de jihadistas. Citada pela Reuters, Frauke Koehler, porta-voz da procuradoria alemã, confirmou a existência do relatório a que alude a ARD e as dúvidas que as cartas levantam aos investigadores.

Na sexta-feira, o jornal Tagesspiegel noticiou ter recebido um e-mail anónimo, enviado por alguém identificado com a extrema-direita, reivindicando a autoria do atentado. Entre palavras contra a multiculturalidade e referências a Adolf Hitler, a mensagem ameaçava a possibilidade de um novo ataque no dia 22 de Abril atingindo um "autocarro colorido" em Colónia. Nesse dia o partido populista anti-imigração AfD tem o seu congresso na cidade, e estão planeados protestos, normalmente referidos como "coloridos".

Há ainda uma referência a um movimento chamado NSU, grupo que terá levado a cabo uma onda de assassínios entre 2000 e 2007: sete turcos ou alemães de origem turca, um grego, e uma agente da polícia. Estes só foram descobertos por acaso num assalto falhado a um banco, anos mais tarde, em 2011 - a polícia alemã foi acusada de descurar muitas vezes motivos racistas em crimes (ser "cega do olho direito"). O julgamento da única sobrevivente do trio, Beate Zschäpe, ainda decorre.

Frauke Koehler confirmou que os investigadores têm consigo uma cópia do e-mail, mas disse não poder adiantar nada mais para não prejudicar a investigação em curso.

Enquanto isso, o Welt am Sonntag noticiava que os explosivos usados poderão ter vindo de remessas pertencentes às Forças Armadas da Alemanha, citando uma fonte ligada à investigação. 

"Os explosivos que estavam no interior dos tubos podem ter vindo dos stocks das Forças Armadas alemãs, mas isso ainda está a ser verificado", disse a fonte sob anonimato, acrescentando que o uso dos detonadores exige algum conhecimento específico.

O atentado aconteceu em Dortmund, na última terça-feira, e teve como alvo o autocarro do clube da cidade, o Borussia Dortmund, que disputaria nesse dia um jogo da Liga dos Campeões com o Mónaco. Da explosão resultaram danos materiais no veículo e ferimentos numa mão a um jogador, o espanhol Marc Bartra, que teve entretanto alta do hospital. O jogo acabou por ser adiado para o dia seguinte.

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