Santuário de Fátima reforça contingente de voluntários para receber Papa

O aumento de fiéis presentes nos dias 12 e 13 de Maio requer mais pessoas para os acolher. Parte importante da mecânica do Santuário é assegurada por voluntários.

Foto
Para além de 311 trabalhadores, o Santuário de Fátima dispõe de 431 voluntários que colaboram regularmente Paulo Pimenta

Em ano de centenário, a visita do Papa Francisco é mais um factor a fazer subir o número de fiéis no Santuário de Fátima a 13 de Maio. O chefe da Igreja Católica aterra na base área de Monte Real a meio da tarde de 12 de Maio e, pouco depois da hora de almoço do dia seguinte, já deverá estar de regresso a Roma.

A estadia não chega a 24 horas, mas é o suficiente para que a dimensão da operação logística assuma grandes proporções. É previsto um aumento de fiéis, ao qual corresponde em escala o aparato policial. Mas para garantir o normal decorrer das cerimónias estão lá os funcionários e voluntários do Santuário.

Para além de 311 trabalhadores, o Santuário de Fátima dispõe de 431 voluntários que colaboram regularmente, “o que não quer dizer que estejam todos presentes” nas celebrações dos dias 12 e 13 de Maio, refere fonte do gabinete de comunicação ao PÚBLICO. O número de voluntários ainda não está definido e apenas será contabilizado nos dias das celebrações. No entanto, é seguro dizer que o número vai aumentar em relação aos anos anteriores.

A título de exemplo, a trabalhar com os 558 jornalistas que já pediram creditação para a visita do sumo pontífice estarão dez voluntários. Na sua maioria, o grupo que vai estar de serviço nos dias de maior enchente é composto por voluntários próprios do santuário, pela Associação dos Servitas e por escuteiros.

André Silva é o chefe dos vigilantes sacristães do Santuário e é por ele que passa a formação dos voluntários, bem como a coordenação dos sacristães. Começou a trabalhar ali em 2008, pelo que já assistiu à visita de um papa, a de Bento XVI, em 2010, embora ainda não em posição de chefia.

O Santuário tem uma bolsa permanente de voluntários que vão ajudando nas celebrações ao longo do ano. Estas pessoas, na maioria de meia-idade e das redondezas de Fátima ou dos concelhos limítrofes, faz um bocado de tudo. Desde a assistência em cerimónias ao auxílio de peregrinos. Servem como ministros extraordinários para a comunhão, participam no coro, apoiam nas procissões no recinto, fazem leituras e prestam auxílio nos postos de socorro, entre outras tarefas, descreve André Silva.

“Cada um dos sectores faz a sua formação mais específica”, conta, explicando que cada tipo de trabalho tem o seu modo de operar e o treino de cada um depende disso. Aos voluntários é ensinada, por exemplo, a forma como devem fazer o encaminhamento das procissões ou os cuidados a ter no acolhimento dos peregrinos. Com o aproximar das celebrações da Páscoa e depois do Verão – “quando há maiores vagas de peregrinos” – há reuniões regulares. Quando se chega aos dias das cerimónias, os voluntários já estão “rotinados”. Muitos deles já têm anos de serviço.

Mas a formação não se faz somente de questões práticas. “Há aspectos de catequese, de formação ao nível litúrgico e espiritual, que são dados pelos sacerdotes do santuário”, detalha o chefe dos vigilantes.

Para a visita do Papa Francisco não há nenhum treino especial. André Silva explica que há preocupações acrescidas, “como o percurso do santo padre” ou a “dimensão da distribuição da sagrada comunhão”, mas sublinha que os voluntários já estão de tal forma habituados a estas tarefas que a única diferença é o aumento da escala. Uma maior multidão implica maior número de voluntários e, nas celebrações de maior dimensão, o contingente é reforçado pela Associação de Servitas de Nossa Senhora de Fátima.

Voluntários desde o princípio

Os Servitas estiveram entre os primeiros a prestar auxílio voluntário aos peregrinos, quando ainda nada tinha sido construído na Cova da Iria. “Um conjunto de homens e mulheres já ajudava os peregrinos e o bispo de Leiria disse que era melhor organizarem-se”, conta o director da Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima, Pedro Santa Marta. O ano a que se refere é 1924, quando foi criada a associação.

Desde então e até hoje, os Servitas são parte importante do apoio aos fiéis que chegam a Fátima. Para se aderir é preciso fazer um percurso de anos. Desde a entrevista inicial até à promessa de Servita vão cinco anos, ao longo dos quais recebem formação espiritual e de procedimentos.

Os cerca de 250 voluntários no activo pela associação prestam serviço nos fins-de-semana de Maio a Outubro, a época alta das peregrinações e, tal como os da bolsa do Santuário, desempenham as mais variadas funções, que vão desde serviços de saúde à simples prestação de informações a quem chega.

Os serviços de saúde incluem o auxílio na bênção dos doentes, o posto de socorro e o lava-pés, que assume uma particular carga simbólica para os católicos. O acto de significação bíblica é também uma das tarefas dos Servitas no acolhimento aos peregrinos. Depois de muitos quilómetros percorridos, para além do simbolismo, o lava-pés torna-se uma necessidade, acrescenta Pedro Santa Marta.

O responsável refere que normalmente, durante a peregrinação de Maio, há cerca de 180 Servitas no recinto. Este ano, com o previsível aumento de pessoas, o número atinge os 210. Com a chegada do Papa os tipos de tarefas mantém-se, sendo as principais diferenças as restrições de segurança e um maior volume de trabalho, realça, mas assegura que quem se voluntaria fica “com a sensação de que recebe mais do que dá”. Refeições e estadia são asseguradas pelo Santuário.

A assistência aos peregrinos não se confina ao recinto e arredores. Distribuídos pelo país, para prestar auxílio em vários pontos a caminho do santuário, há 72 postos coordenados pelo Movimento da Mensagem de Fátima. O gabinete de comunicação do santuário refere que a ajuda prestada aos peregrinos mobiliza este ano cerca de 1500 voluntários, mais 300 que no ano passado. 

Sugerir correcção
Comentar