Super Dragões não vão repetir cântico a desejar morte da equipa do Benfica

A claque afecta ao FC Porto afirmou que a letra "não é mais do que uma sátira sem quaisquer consequências reais”.

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Super Dragões disseram que a letra do cântico “foi interpretada como ofensiva” Miguel Manso / PUBLICO

Depois da polémica, a garantia de que não se volta a repetir. Os Super Dragões, claque do FC Porto, garantiram nesta sexta-feira que não voltarão a entoar o cântico a desejar a morte da equipa do Benfica.

Em comunicado disponível na sua página do Facebook, a direcção da claque afirmou que o sucedido durante o jogo de andebol entre FC Porto e Benfica “não se vai repetir”.

“Ai quem me dera que o avião da Chapecoense fosse do Benfica”. Foi esta a letra da música que foi cantada no meio dos Super Dragões. “A letra da música entoada no dia de ontem no referido jogo, não é mais do que uma sátira sem quaisquer consequências reais”, escreveu a claque no comunicado, acrescentando: " Ainda assim, e por percebermos que a mesma foi interpretada como ofensiva, quer a direcção esclarecer que tal não se vai repetir."

No comunicado pode ainda ler-se que “todos os elementos” dos Super Dragões “estão solidários" com as vítimas da tragédia "ocorrida com a equipa brasileira da Chapecoense” e que “o espírito do grupo é o de apoio inequívoco ao clube [FC Porto]”.

É também recordado o episódio em que Fernando Madureira exigiu à claque respeito por Eusébio, no clássico entre o Benfica e o Porto, que ocorreu poucos dias depois da morte do “Pantera Negra”.

O cântico dos Super Dragões gerou polémica, com o FC Porto a escrever no Twitter que se demarcava dos "cânticos ofensivos" adeptos.

O Benfica não reagiu nesta sexta-feira, considerando que este é um "triste episódio", mas elogiando a “forma célere como a instituição Futebol Clube do Porto se demarcou do muito grave e lamentável cântico que ontem se ouviu”.

"Nojo dessa torcida, Super Dragões!"

O episódio no Dragão Caixa motivou outras reacções. Souza, jogador brasileiro que representou o FC Porto nas épocas 2010/11 e 2011/12 e que agora joga nos turcos do Fenerbahce, escreveu, na sua página do Facebook, que tem "nojo" dos Super Dragões.

"Enquanto os torcedores do São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos juntaram-se para cantar juntos 'vamos, vamos Chape', essa torcida deseja a morte dos jogadores do Benfica? Vergonha e nojo, mesmo", afirmou Souza, citado pelo MaisFutebol, que disponibiliza o post que o médio brasileiro fez na rede social.

Souza afirmou que tem "grande carinho pelo FC Porto" e os seus adeptos, mas que a claque Super Dragões "tinha que acabar".

Artur Moraes, actual guarda-redes da Chapecoense que já representou o Benfica, afirmou que o episódio é "uma falta de respeito por todos" e que "não pode passar em branco". "É inadmissível usar uma tragédia como esta para insultar ou agredir qualquer um, seja por rivalidade ou pelo que for", disse, citado pelo MaisFutebol.

"Acho isso muito triste, lamentável, uma insensibilidade muito grande. A rivalidade do futebol não pode passar para esse tipo de sentimento. Eu entendo que a rivalidade entre Benfica e FC Porto é muito grande, mas eu acho uma falta de respeito com a cidade, com o clube e mais ainda com os familiares das vítimas", considerou Artur. O brasileiro, que conhece bem a rivalidade entre Benfica e Porto, disse que o que os Super Dragões cantaram "não se deseja nem ao principal rival".

O antigo presidente da Chapecoense, Nilo Traesel, ficou "muito triste" com o cântico e apontou o dedo à forma como a direcção do FC Porto actuou. 

"A direção do FC Porto deveria ter uma manifestação de repúdio, tomar uma posição e não resguardar-se por trás da claque. Deveria ser ela a assumir a responsabilidade, apurar quem foram os responsáveis e exigir desses um pedido de desculpa, em primeiro lugar, à Chapecoense", disse Traesel, citado pelo Record. Acrescentou ainda que os Super Dragões fizeram uma "tragédia" parecer uma "brincadeira" e que "a notícia já anda no Brasil todo". 

O agora dentista, a residir em Portugal, considerou que "a direção do FC Porto deveria, no mínimo, enviar uma carta à direção do Chapecoense com um pedido de desculpas" e que "as claques organizadas" têm de "ser banidas dos estádios de futebol".

"Deve haver uma posição forte, não pode demarcar-se, sob pena da violência descambar para situações irreversíveis. Ou os clubes se posicionam ou poderá acontecer uma tragédia. Desporto é convívio, é integração. Desporto não é agressão. Está na altura das pessoas assumirem as suas responsabilidades. Não se podem demarcar. Têm de apurar responsabilidades e por ordem nas claques", afirmou.

O empresário e conhecido adepto do FC Porto, Manuel Serrão, afirmou, em declarações à Rádio Renascença, que o cântico foi "uma brincadeira de muito mau gosto".

"Tenho a certeza absoluta que quem fez isso já deve estar arrependido, porque ou não é pessoa de bem ou tem de estar arrependida. É de muito mau gosto brincar com a tragédia que aconteceu, que não se admite nem em privado, em público é uma vergonha enorme", disse Serrão.

O empresário elogiou ainda a actuação do FC Porto. "O FC Porto fez muito bem, nem podia fazer outra coisa, nem eu esperava outra coisa. E acho que se o clube demarcou de imediato, não precisa pedir desculpa a ninguém, porque não teve qualquer culpa do sucedido".

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