Viagem de finalistas: agência acusa hotel de "má-fé"

Uma das sócias da agência que organizou a viagem de finalistas acusa a gerência do hotel de Torremolinos de ter uma atitude “incorrecta”. Ministro da Educação diz que está a acompanhar a situação "com atenção".

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Inês Mota diz que a agência só viu "danos residuais" no hotel DR

Uma das proprietárias da agência de viagens que promoveu a viagem de finalistas dos portugueses a Torremolinos, Espanha, acusou nesta segunda-feira o dono do hotel de "má-fé", por ter recusado mostrar os alegados estragos provocados pelos estudantes no local.

Em declarações à agência Lusa, Inês Mota, uma das sócias da agência Slide in Travel – que organizou a viagem de finalistas dos estudantes portugueses àquela estância balnear espanhola – explicou que o proprietário do hotel não deixou os representantes da agência entrarem "no local, para aferir os alegados estragos". A responsável acusou ainda o hotel de ter "uma atitude intolerante e incorrecta", até porque se recusou a devolver as cauções dos portugueses embora não tenha apresentado provas dos estragos.

Também o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, falou nesta segunda-feira dos alegados danos causados por estudantes portugueses. Diz que a situação está a ser seguida "com atenção" e que é preciso "alguma serenidade" e entender o que "aconteceu verdadeiramente". O ministro falava aos jornalistas à margem do encontro de alunos de Bioquímica na Universidade do Minho, em Braga. "[Estas viagens] são organizações por parte de estudantes. Estes episódios e o que aconteceu verdadeiramente estão por apurar. Temos seguido com atenção e a todos nos preocupam situações desta natureza."

Agência vai "contestar"

Inês Mota conta que "quando [os finalistas portugueses] fizeram o check out, não lhes foi devolvida a caução de 50 euros que fizeram quando se alojaram. O proprietário do hotel alegou que seria para cobrir os estragos que os jovens fizeram, mas não deixou os elementos da nossa agência que estão em Espanha entrar no local para aferir os alegados estragos".

A responsável frisou que a agência vai "contestar os gastos que o proprietário do hotel apresenta" porque não teve acesso aos danos e "à situação in loco". "Ele tinha de nos ter deixado verificar esses danos, o que não aconteceu, o que descredibiliza, logo à partida, tudo o que aconteceu. Aquilo que o meu sócio presenciou com a equipa foram danos residuais", disse Inês Mota, acrescentando que a agência de viagens "obviamente critica" as situações que aconteceram e sublinhando que "os actos de vandalismo são reprováveis sempre, mas são normais nas viagens de finalistas, pelo efeito do grupo e da idade".

Inês Mota defendeu ainda que se os danos feitos no hotel "fossem da dimensão que o proprietário diz", o alojamento "não podia estar aberto no dia seguinte para receber turistas para a Semana Santa". "Houve aqui uma atitude muito intolerante e incorrecta do proprietário do hotel. Existiram, sim, distúrbios e alguns danos, que nós contestámos localmente, e tentámos dissuadir localmente, mas que não são, nem de perto nem de longe, o que este proprietário diz que são", acrescentou.

Inês Mota explicou também que, inicialmente, foi apresentada uma conta à agência de viagens, mas que "nada tem a ver com os valores que são avançados agora pelo proprietário e pela comunicação social", e que os alunos portugueses não foram expulsos pelo hotel, tendo cumprido "o programa que estava previsto" e saído no dia em que acabava o programa, ao contrário do que, no sábado, um representante do hotel onde estava alojado um grupo de 800 estudantes portugueses do ensino secundário tinha dito à Lusa: que tinham expulsado os jovens por danos e vandalismo.

A responsável da agência recordou também que, em anos anteriores – e que diz ser o normal em viagens de finalistas – foi permitido aos responsáveis da empresa verem o local e observarem os estragos quando o grupo saiu do hotel.

 

De acordo com a mesma fonte, o hotel terá ainda negado, por diversas vezes, o acesso dos jovens ao livro de reclamações, tendo sido necessário chamar a polícia para lhe poderem aceder. "Conseguiram [escrever no livro] e, alegadamente, o responsável do hotel rasgou as folhas do livro à frente deles, menosprezando a intenção de reclamar dos jovens. A informação chegou por alunos, pais e elementos do staff que presenciaram a situação", avançou.

À agência noticiosa Efe, uma fonte da polícia em Torremolinos disse que teve de actuar em várias ocasiões no Hotel Pueblo Camino Real, perto da cidade de Málaga, onde estavam instalados os jovens portugueses. Ouvidos pelo PÚBLICO, os estudantes dizem que os estragos foram mínimos e que surgiram num acto de "revolta" contra a gerência do hotel.

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