Um livro para 11 ensaios

Além de conferências, debates, espectáculos e até de uma uma sessão gastronómica, o Projecto P! prevê o lançamento do livro Performance na Esfera Pública (Edições Orfeu Negro), volume que inclui 11 ensaios de investigadores portugueses e estrangeiros.

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Concerto do Mão Morta em 1997 XX

Entre este naipe de autores, contam-se Bojana Cvejic e Ana Vujanovic, Sandra Guerreiro Dias, Claire Bishop, Rui Mourão, David Helbich, Isabel Nogueira e João Macdonald. É precisamente este último que pega na performance — no seu conceito mais lato, diz, e que é “também uma maneira de estar na vida, além dos manifestos e das encenações, como a conferência futurista de Almada Negreiros” — e estabelece uma ligação entre os primeiros actos das décadas de 1910 e 1920 e a música portuguesa do final dos anos 70, isto tudo sem deixar de olhar para o que se passa lá fora, nomeadamente para a relação que as bandas inglesas e americanas mantêm com o modernismo e o dadaísmo. 

“A música portuguesa de que falo no ensaio é a dos Pop Dell’Arte, dos Ena Pá 2000, dos Mler Ife Dada, dos GNR mesmo do início, do Jorge Lima Barreto, dos Lucretia Divina, dos Mão Morta. Há neles uma grande encenação, uma intenção clara de inquietar e de perturbar o público, e não apenas com o que se diz e com a música que se faz”, diz Macdonald. “Esta música tem uma relação elíptica com o universo dos modernistas portugueses do começo do século XX e é feita num corte claro com o mundo artístico de esquerda resultante do 25 de Abril, em particular com a canção de protesto que marcou o movimento cultural ligado ao PREC [Processo Revolucionário em Curso]. É uma música que quer espantar além das palavras.” 

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