Menos cerveja, mas também menos leite e menos vitamina D

Bastonária da Ordem dos Nutricionistas diz que é preciso combater a contra-informação relativamente aos benefícios do leite. "Tem um benefício nutricional incontestável", alerta Alexandra Bento.

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Carla Rosado

A crise e o aumento do IVA das bebidas na restauração fizeram baixar o consumo de álcool em Portugal. São  dados da Balança Alimentar Portuguesa, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.

Leite foi “demonizado”

O consumo aparente de leite, que em 2016 foi de 316,1 gramas por habitante/dia, deve-se tanto ao fim das quotas leiteiras como a uma alteração dos padrões alimentares de vida, diz Alexandra Bento, ou seja, à “demonização” do leite" em benefício de bebidas à base de soja, arroz e amêndoas. “Assistimos nos últimos anos a alguma contra-informação em relação aos benefícios do leite que é preciso contrariar porque, de facto, os lacticínios não são diabos maléficos. São, pelo contrário, um alimento cujo benefício nutricional é incontestável”, sustenta a nutricionista. O peso dos lacticínios na balança alimentar baixou de 19,6%, em 2012, para apenas 17,3%, em 2016, ficando abaixo dos 18% recomendados na Roda dos Alimentos.

Vitaminas em dose q.b., à excepção da D

As disponibilidades alimentares diárias per capita estão acima dos valores de referência para quase todas as vitaminas, à excepção da Vitamina D. Presente em peixes como o salmão, a sardinha e o atum, mas também no óleo de fígado de bacalhau, cujo consumo diminuiu, a carência desta vitamina vai sendo compensada pela exposição da pele ao sol. Quanto às restantes vitaminas, a C apresenta uma disponibilidade diária de 156 gramas por habitante, muito acima, portanto, dos 80 gramas recomendados. A disponibilidade das vitaminas A e E também está muito acima do recomendado, o que, para Alexandra Bento, se explica pelo facto de serem lipossolúveis, isto é, “estão agarradas às gorduras e como os portugueses comem gorduras em excesso…”

Crise mais IVA igual a menos álcool

A crise e o aumento do IVA das bebidas na restauração fizeram baixar o consumo de álcool em Portugal. Em 2016, cada português tinha uma disponibilidade diária de 276,1 mililitros de bebidas alcoólicas, sendo que, entre 2010 e 2013, a disponibilidade tinha baixado 19,1%, no caso do vinho, e 17,9% no caso da cerveja. Neste período, estiveram disponíveis para consumo menos 9,1 litros de vinho por ano e por habitante e menos 10,5 litros de cerveja. Esta representa, de resto, 50,5% das quantidades totais de bebidas alcoólicas disponíveis, sendo seguida pelo vinho (44,8%). Aguardentes, licores e outras bebidas destiladas não representaram mais do que 4,6% das bebidas alcoólicas disponíveis. Em termos de aporte calórico, o grupo das bebidas alcoólicas foi responsável por 3,8% da energia disponível.

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