Brexit pode levar empresas de videojogos a sair Reino Unido

Algumas afirmaram, num inquérito sobre o sector, terem recebido propostas para irem para Portugal.

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Em 2016, a indústria dos videojogos e entretenimento digital no Reino Unido foi avaliada em cerca de 116 mil euros LUSA/ANDY RAIN

O Brexit chegou à indústria dos jogos digitais: 40% das empresas da área com sede no Reino Unido estão a considerar deixar o país com a saída da União Europeia. Dessas, 23% já receberam propostas de países no estrangeiro, incluindo Portugal, França e Espanha.

A grande preocupação da indústria é que o Brexit atraia menos talento internacional para o país, visto que 57% empregam pessoas da União Europeia e 61% admitem depender de “funcionários internacionais altamente qualificados”. A informação vem de um estudo da associação comercial Ukie, apresentado ao Parlamento inglês. “Há uma necessidade urgente para que o Governo [britânico] clarifique se os estudantes da União Europeia actualmente a trabalhar no Reino Unido terão o direito de ficar,” lê-se na apresentação do estudo.

Desde o referendo, a Ukie visitou mais de 70 empresas na área dos videojogos em onze cidades do Reino Unido, e lançou um inquérito confidencial a que 76 empresas na área responderam. Das empresas inquiridas com mais de 50 funcionários, 60% admitem já sentir mais dificuldade em atrair talento do exterior.

“É vital que [o Reino Unido] mantenha um acesso livre e sem fricção a todos os grandes mercados e talento. Somos uma empresa internacional de videojogos com sede europeia no Reino Unido. A introdução de tarifas e barreiras pode impedir operações eficientes e com sucesso”, comenta Warwick Light, o vice-presidente da Sony Interactive Entertainment, no Reino Unido.

O processo de imigração é descrito como complexo pelas empresas, com 33% a considerarem-no um impedimento para contratar as pessoas certas, e 84% a admitirem ter de gastar entre duas e cinco mil libras num visto para funcionários de fora da União Europeia.

Além disso, a saída da União Europeia pode impedir o acesso a programas de financiamento europeus como o Creative Europe. Das empresas inquirdas pela Ukie, 37% admitem existir uma maior dificuldade em atrair financiamento. “Queremos trabalhar com o Governo para agarrar oportunidades em áreas-chave como habilitações, imigração e reforma do financiamento público para criar um futuro competitivo no século XXI”, disse Jo Twist, directora da Ukie.

Em 2016, a indústria dos videojogos e entretenimento digital a nível mundial foi avaliada em 99,6 mil milhões de dólares (cerca de 93 mil milhões de euros), o que representa um crescimento de 8,5% em relação a 2015.

Notícia corrigida: o artigo indicava que a indústria dos videojogos no Reino Unido valia 99,6 mil dólares. O valor indicado no estudo é diz respeito ao mercado global e é de 99,6 mil milhões de dólares.

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