Ministro reconhece que teleconsultas são tendência “irreversível” em Portugal

Adalberto Campos Fernandes participou por videoconferência em seminário sobre impacto da telemedicina em casos de AVC.

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O programa Tele Via Verde AVC (que começou a funcionar em 2015) realizou até à data 630 teleconsultas NFACTOS/FERNANDO VELUDO

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse nesta quinta-feira que os sistemas de teleconsulta são uma tendência "irreversível" no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e prometeu o apoio do Governo ao seu desenvolvimento.

Intervindo, por videoconferência, num seminário intitulado "TeleSaúde no AVC - Do evento ao domicílio", promovido pelo hospital Rovisco Pais - Centro de Medicina e Reabilitação da Região Centro, Adalberto Campos Fernandes disse ainda que tem havido "experiências muito interessantes" em Portugal com sistemas do género, nas áreas da medicina de reabilitação, saúde mental, dermatologia e cirurgia vascular.

"Uma das formas de tornar o SNS mais próximo e amigo dos cidadãos é simplificar a vida aos doentes na relação com os profissionais", disse o ministro da Saúde. O governante considerou o serviço de teleconsulta do Rovisco Pais como um "exemplo de boas práticas", lembrando que o serviço funciona em articulação com o programa Tele Via Verde AVC, coordenado pelo Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

O governante convidou depois os responsáveis do Centro de Medicina de Reabilitação a estarem presentes, na próxima semana, em Lisboa, na Meo Arena, naquilo que definiu como "o maior evento de transformação digital do SNS desde sempre", em referência ao evento Portugal eHealth Summit, que acontece entre 4 e 6 de Abril.

A intervenção de Adalberto Campos Fernandes foi precedida de uma ligação vídeo ao serviço de medicina de reabilitação do CHUC. Na ocasião, Maria Joaquim Tão, médica especialista daquela unidade hospitalar, frisou que antes da existência do programa Tele Via Verde AVC o contacto com profissionais de outros hospitais "era esporádico, agora é semanal". "Provavelmente, deveria estender-se a outros serviços e precisávamos que funcionasse melhor", frisou a médica, assinalando algumas falhas técnicas de que o sistema ainda padece.

Já João Constantino, da Reabilitação Geral de Adultos do Rovisco Pais, frisou que o sistema é uma "porta grande de comunicação" entre aquela unidade hospitalar e o CHUC, argumentando que o programa "tem estado a funcionar bem nos últimos meses, quase em pleno".

Segundo a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), o programa Tele Via Verde AVC, que garante uma resposta tecnicamente equitativa aos doentes que sofrem um acidente vascular cerebral inclui, além do CHUC e do Rovisco Pais, o hospital distrital da Figueira da Foz, Centro Hospitalar de Leiria, Centro Hospitalar Baixo Vouga, Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Unidade Local de Saúde da Guarda, Centro Hospitalar da Cova da Beira e Unidade Local de Saúde de Castelo Branco.

O CHUC é o ponto central, onde, diariamente, durante as 24 horas, uma equipa de especialistas acompanha em tempo real, através de telemedicina, os doentes com AVC que dão entrada naquelas unidades e prescrevem a melhor terapêutica, consoante a situação clínica. A rede permite que apenas os doentes mais graves sejam transferidos para Coimbra, já depois de estabilizados e com terapêutica iniciada.

"O sistema funciona e não aumenta a carga de trabalho, permitindo fazer mais com os mesmos recursos. Melhora sobretudo a comunicação entre os profissionais, prevenindo a perda de informação e conhecimento, sempre com o doente no foco", disse à agência Lusa Anabela Pereira, directora do serviço de Reabilitação Geral de Adultos do Rovisco Pais.

De acordo com dados divulgados, o programa Tele Via Verde AVC (que começou a funcionar em 2015) realizou até à data 630 teleconsultas, resultando que 60% dos doentes não foram transferidos para o CHUC, em Coimbra.

No Rovisco Pais, onde o programa se iniciou em Maio do ano passado, foram realizadas até agora 43 teleconsultas de avaliação de internamento. Ao todo foram internados naquele centro de reabilitação 32 doentes, 72% dos quais do sexo masculino. Destes doentes, 20 já tiveram alta para o domicílio, numa área que abrange toda a região Centro. 

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