Justiça sul-coreana pede detenção de ex-Presidente

Ministério Público de Seul teme destruição de provas. Park Geun-hye é a primeira chefe de Estado sul-coreana democraticamente eleita a ser destituída.

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Park Geun-hye é implicada em escândalo de corrupção e suborno LUSA/JEON HEON-KYUN / POOL

O Ministério Público sul-coreano deverá pedir a detenção da antiga Presidente Park Geun-hye, que perdeu imunidade presidencial no início do mês quando foi oficialmente destituída pelo Tribunal Constitucional e afastada definitivamente da Casa Azul, a sede da presidência em Seul.

Em causa está o suposto envolvimento no caso de corrupção e abuso de poder que envolve uma amiga da antiga-Presidente, Choi Soon-sil, já detida. Park, que na última semana foi interrogada durante 14 horas, poderá agora ser detida e acusada de crimes de extorsão, suborno e abuso de poder, puníveis com pena de prisão perpétua, de acordo com a lei sul-coreana.

"A acusada abusou dos seus enormes poderes e estatuto como Presidente para receber subornos de empresas ou violar os direitos de liberdade de gestão corporativa, e divulgou informação confidencial importante sobre assuntos de Estado. São questões graves", argumenta o Ministério Público sul-coreano em comunicado.

Os procuradores acreditam que algumas provas, tais como discos rígidos de computadores, poderão ser comprometidas e destruídas caso Park não seja detida. "Até agora, já foi recolhida uma quantidade elevada de provas, mas a acusada nega a maioria das acusações e há o risco de destruição de provas no futuro", invoca o Ministério Público, citado pelo Guardian.

Se a justiça da Coreia do Sul avançar com a detenção, Park tornar-se-á no terceiro chefe de Estado do país a ser detido durante uma investigação, depois de o general Chun Doo-hwan e de Roh Tae-woo terem também sido detidos. Os procuradores terão 20 dias para continuar a investigação e iniciar uma acusação formal em tribunal, detalha a Reuters.

A decisão de avançar ou não com a detenção irá agora ser tomada pelo Tribunal Distrital Central de Seul, onde terá lugar a audiência para o pedido de mandato, na quinta-feira. 

Kim Sung-won, porta-voz dos conservadores do Saenuri, o partido político de Park, condenou a decisão do Ministério Público, que considerou “lamentável”. Já os liberais do Partido Democrático consideram a intenção “histórica” e acham apenas justa, tendo em conta que Choi Soon-sil e Lee Jae-yong, vice-presidente da Samsung (acusado de ter subornado a melhor amiga da antiga Presidente) foram já detidos.

Park, que tinha sido a primeira mulher a ser eleita Presidente na Coreia do Sul, tornou-se também na primeira chefe de Estado democraticamente eleita a ser destituída, o que levou à convocação de novas eleições, marcadas para dia 9 de Maio. As presidenciais antecipadas acontencem no meio de uma nova crise internacional, com o país a viver mais uma vez em clima de elevada tensão com a China e a Coreia do Norte. 

A relação tóxica entre a política e os negócios na Coreia do Sul não é exclusiva a Park e é somada a uma lista de precedentes: todos os presidentes sul-coreanos da era democrática viram familiares seus envolvidos em casos de corrupção

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