“Não há desvantagens” num Mundial de 48 equipas, diz Infantino

Presidente da FIFA fechou a segunda edição do Football Talks com a defesa do seu trabalho no organismo desde que sucedeu a Sepp Blatter.

Foto
Reuters/ARND WIEGMANN

Em 2015, Gianni Infantino esteve na primeira edição do Football Talks, com secretário-geral da UEFA, em 2017 regressou como presidente da FIFA para fechar nesta sexta-feira a segunda edição do congresso e, na sua intervenção, defendeu os benefícios de um Mundial de futebol alargado a 48 equipas, mais 16 que o actual modelo, um torneio mais inclusivo, que gera mais receitas e que pode acelerar o desenvolvimento do futebol em muitos países. “Não há desvantagens”, diz o líder do organismo que tutela o futebol mundial. “Só coisas positivas.”

“Temos de ser mais inclusivos. Fizemos uma análise custo/benefício. Os custos aumentam, mas as receitas também serão maiores. Teremos mais de 600 milhões de dólares”, revelou o presidente da FIFA, para quem o alargamento fará mais pelo desenvolvimento do futebol em alguns países do que outros programas com o mesmo objectivo: “Não há ferramente para o desenvolvimento que a participação. Não vale de nada gastar milhões em campos de futebol se ninguém lá jogar e não há nada que crie mais entusiasmo que a participação. É isto que queremos.”

Infantino deu o exemplo do alargamento do Campeonato da Europa como um caso de sucesso. “A fase de qualificação não foi chata, e até foi das mais interessantes de sempre. Tendo mais oportunidades de lá chegar, as equipas entram em campo com um mindset diferente”, refere o italo-suíço, acrescentando que o torneio não terá uma maior duração e que as selecções não terão uma sobrecarga de jogos, reconhecendo que os grupos de três equipas poderão causar problemas. “Mas temos uma equipa de gente inteligente a tratar disso”, frisou.

Este modelo entrará em prática a partir de 2026 e foi uma das medidas tomadas desde que Infantino tomou conta da FIFA em 2016, sucedendo a Sepp Blatter, que tinha ocupado o cargo durante 17 anos. “Não é segredo nenhum que a FIFA passou recentemente pelos seus anos mais negros”, reconheceu Infantino, enumerando as medidas que tem tomado para dotar o organismo de maior transparência, como a limitação de mandatos dos seus presidentes, o alargamento de poderes da Comissão da FIFA, ou a presença de independentes, “pessoas que não são amigas do presidente”, nas diferentes instâncias do organismo.

À margem da conferência, Infantino manifestou o seu desejo de ter o vídeoárbitro já no próximo Mundial da Rússia em 2018, algo que ficará decididi na reunião magna do International Board em Março do próximo ano. “Espero que isso aconteça, estou confiante. Antes, estava céptico porque achava que ia atrasar os jogos, mas temos feito muitos testes e isso não acontece. Queremos mais justiça, mas sabemos que não vai resolver todos os problemas”, observou o líder da FIFA.

Infantino manifestou ainda a sua total confiança na organização russa do próximo Mundial no que diz respeito às questões de segurança: “As medidas de segurança serão sempre da responsabilidade dos anfitriões. Já falei com o Presidente Putin e com os organizadores. Eles sabem o que fazer para garantir um Mundial sem incidentes”.

O presidente da FIFA deixou ainda rasgados elogios a Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, “um presidente respeitado”, mas considerou remota a possibilidade de alguma vez Portugal vir a receber, sozinho, um Mundial de futebol. “Tive uma das melhores experiências profissionais da minha vida em Portugal, durante o Euro 2004, em que testemunhei a paixão das pessoas pelo futebol. Para o próximo Mundial [de 2026] os países europeus não se podem candidatar [só se podem candidatar países de África, das Américas e da Oceania]. Portugal sozinho será difícil, mas abrimos a porta a candidaturas conjuntas. Nós queremos um Mundial sustentável e queremos que os estádios tenham uso.”

Sugerir correcção
Comentar