BE defende afastamento de Dijsselbloem e adverte contra discurso do "ódio"

Catarina Martins caracteriza as declarações do líder do Eurogrupo como "insultuosas".

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As declarações polémicas de Dijsselbloem aconteceram poucos dias depois da derrota do seu partido nas eleições holandesas Reuters/STRINGER

A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu esta quarta-feira que o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, tem de ser afastado do cargo, e advertiu contra o discurso do "preconceito e do ódio" para com os países do sul.

Catarina Martins referiu a posição já manifestada pelo governo português, que pediu o afastamento de Dijsselbloem, considerando que "era o precisava de ser dito e o que precisava de ser feito".

No debate quinzenal no parlamento, Catarina Martins considerou que as afirmações do presidente do Eurogrupo foram "preconceituosas e insultuosas" para com os países do sul e disse não aceitar "a política do ódio ou o preconceito na Europa ou em qualquer outro lugar".

Numa entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, publicada no domingo, Jeroen Djisselbloem afirmou: "Como social-democrata, considero a solidariedade um valor extremamente importante. Mas também temos obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda".

A deputada advertiu que as declarações de Jeroen Djisselbloem reflectem "um problema que é existir de facto uma plataforma de ódio na Europa" em que "se acha que se ganha alguma coisa quando se ataca os países do sul".

"Se Disselbloem nos ofende, temos de compreender que esse discurso está presente, ou esse tipo de pensamento, em muitas das decisões que são tomadas e em muitas das instituições europeias", disse, defendendo que é preciso "combater esse tipo de discurso".

Como exemplo, a deputada considerou que o relatório do Banco Central Europeu (BCE) que critica a ausência de medidas para corrigir desequilíbrios e defende a aplicação de sanções ao país "é devedor desse discurso" que visa "humilhar os países do sul".

"Mas tem o BCE alguma coisa a ver com as recomendações da Comissão Europeia? Nada. Então porque é que diz coisas sobre as quais não deve dizer nada? Porque pode e porque humilhar os países do sul é neste momento a política europeia no Eurogrupo, na Comissão Europeia e no BCE", acusou.

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