Dia Mundial da Água: um direito reconhecido mas não garantido

ONU apela ao investimento no saneamento básico e reutilização das águas residuais tratadas, quando se espera que o consumo de água aumente 50% nos próximos 15 anos.

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Entrega de água num camião em Bhopal, na Índia SANJEEV GUPTA/EPA

Abrir a torneira e beber a água que de lá sai é um luxo que continua a não estar acessível a milhões de pessoas. E muito menos um sistema de esgotos que garanta que a água que se consome não ficará contaminada e causará doenças que se podem revelar fatais. É algo que não é garantido em três países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em que só metade da população tem acesso a água potável: Angola (51%), Moçambique (49%) e Guiné Equatorial (52%).

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Quando nem todos os países têm garantido o direito de acesso à água — reconhecido como um direito humano em 2010 — a ONU decidiu ir mais além este ano, para chamar a atenção para a utilização das águas residuais, nas comemorações do Dia da Água (hoje). Até 2030, estima-se que o consumo em todo o planeta aumente 50%. Se é preciso evitar o desperdício, também é necessário fazer grandes investimentos para garantir que há água potável para todos, e para assegurar que as águas residuais são tratadas para poderem ser reutilizadas para outros fins, como a indústria, rega agrícola e jardinagem, ou a produção energética.

A quantidade de águas residuais que o mundo produz é gigantesca: entre 680 e 980 milhões de metros cúbicos. Mas só existe capacidade instalada para tratar cerca de 4% até um nível avançado. Se uma plantação for irrigada com água não completamente tratada, a qualidade e o valor comercial dos produtos ficam comprometidos. Os custos com a insegurança dos recursos hídricos chegam a 500 mil milhões de dólares anuais, diz o Conselho Mundial da Água.

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A população de Tamale, Gana, uma das cidades que está a crescer mais rapidamente na África Ocidental, considerou prioritário o desenvolvimento da rede de água e esgotos, numa sondagem conduzida em 2015, diz a Reuters. Mas com surtos de doenças transmitidas pela água, os habitantes manifestou-se de forma maciça contra o uso de águas residuais não tratadas na agricultura. “O desafio é fazer com que os decisores adaptem as suas políticas aos cidadãos”, comentou Dennis Chirawurah, director da Rede para uma África Resiliente, que conduziu o inquérito.      

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