Todos os anos perde-se tanta água quanta a necessária para abastecer a Grande Lisboa

No Dia Mundial da Água, a associação Zero dá conta dos desperdícios deste recurso em Portugal.

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RUI GAUDENCIO

É como se a barragem de Castelo do Bode tivesse um buraco e por ele se perdesse o suficiente para abastecer, por ano, os 35 municípios da Grande Lisboa. É que de toda a água que se consome em Portugal, 30% não é cobrada, o que leva a grandes perdas financeiras para o país, conclui um estudo da associação Zero.

São 242 milhões de metros cúbicos por ano sobre os quais ninguém cobra factura, perdendo-se assim 235 milhões de euros anuais. E é dinheiro que efectivamente vai pelo cano abaixo, porque esta não é água caída do céu: foi captada, tratada, transportada, armazenada e distribuída. Mas a sua utilização ilegal, o desperdício - quer por rupturas, quer por mau uso -, “bem como as ofertas deste recurso natural a entidades ou a cidadãos sem qualquer registo ou transparência”, acusa a Zero, faz com quase um terço se evapore no sistema.

Olhando para quem faz gere esta água – 256 entidades no total, entre municípios ou empresas privadas ou públicas -, a Zero conclui que 171 fazem uma gestão pouco satisfatória, uma vez que apresentam valores de água não facturada entre 30 a 77%. Macedo de Cavaleiros é o campeão neste ranking, a perder 77%, seguido de Amarante, Arouca, Baião, Celorico de Basto e Cinfães, com 75%.

Em relação aos mais eficientes, estão as empresas criadas pela câmara de Loulé que gerem o abastecimento na Quinta do Lago e Vilamoura, a EPAL e a Indaqua Santo Tirso/Trofa.

A Zero sublinha ainda o facto de 14% dos alojamentos no país não estarem ligados à rede, alguns porque não estão habitados mas muitos porque se abastecem de poços ou furos. Além de aqui se estar perante alguma injustiça face a todos que estão ligados à rede e pagam por isso, estas situações podem gerar graves problemas de saúde pública – pois é água não tratada. A organização ambientalista sugere a “ilegalização do uso doméstico de águas provenientes de origens alternativas”.

 

 

 

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