Pedro Lencart: uma vitória muito saborosa

Veio de trás para vencer 2.º Torneio Circuito Allianz batendo Nathan Brader no play-off

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O momento em Pedro Lencart meteu putt vitorioso no play-off / © FILIPE GUERRA/FPG

Leonor Bessa e Pedro Lencart venceram os seus primeiros títulos do ano no 2.º Torneio do Circuito Allianz que a Federação Portuguesa de Golfe (FPG) organizou no Penha Longa Hotel & Golf Resort, no concelho de Sintra.

A bicampeã nacional de sub-18 e o campeão nacional amador, ambos jogadores do Club de Golf de Miramar, de Vila Nova de Gaia, estão habituados a estes triunfos. Leonor Bessa ganhou três dos seis torneios do Circuito Allianz em 2016 e Pedro Lencart apoderou-se do seu terceiro troféu de carreira neste circuito, depois dos alcançados em 2016 em Montebelo e em 2015 no Clube de Campo da Aroeira (Almada). As suas vitórias na Penha Longa foram, contudo, bem distintas.

Leonor Bessa dominou o segundo evento do mais importante circuito da FPG, pois já liderava aos 18 buracos, com uma vantagem de 2 pancadas sobre Joana Mota, do Clube de Golfe de Vilamoura, a vencedora do 1.º Torneio do Circuito Allianz de 2017, em janeiro, no Oceânico Faldo Golf Course; mas no final do torneio a sua superioridade tinha crescido para 9 pancadas sobre Sara Gouveia, do Clube Laranjas, e menos 11 do que Joana Mota.

O seu final de prova foi de elevada qualidade, com os últimos oito buracos a serem jogados em 3 pancadas abaixo do Par, para um agregado de 155 pancadas, 11 acima do Par, após voltas de 79 e 76.

Pelo contrário, Pedro Lencart assinou uma das melhores recuperações da sua carreira, senão mesmo a maior, pois no final da primeira jornada estava a 6 pancadas dos líderes, acabando por triunfar no segundo dia, num play-off de dois buracos com Nathan Brader, um inglês com residência oficial no Algarve, que representa há muito o Clube de Golfe de Vilamoura.

Nathan Brader e Pedro Lencart a postos para desempate / © FILIPE GUERRA/FPG 

Curiosamente, iniciaram ambos a última volta no grupo dos 10.º classificados, assinaram os dois cartões de 77 e 72, para um agregado de 149 (+5), mas Lencart quase evitou o play-off, não fosse o bogey sofrido no último buraco.

A sua vitória parecia-lhe, contudo, destinada, pois na morte súbita voltou a ser capaz de superar um início periclitante, como o próprio contou ao Gabinete de Imprensa da FPG: "No primeiro buraco de play-off coloquei o tee shot num bunker de fairway e ao tentar fazer lay-up acertei no lip e a bola foi 20 metros para trás. Apesar disso ainda consegui fazer o Par e empatámos esse buraco. No segundo buraco fiz 1 birdie (para a vitória) ao converter um putt de 6 metros». 

Mais palavras para quê? O próprio Nathan Brader, antigo campeão europeu de clubes por Vilamoura, reconheceu na sua conta de Facebook: "O 2.º lugar já não é nada mau."

Quando estamos a um mês do Campeonato Nacional Absoluto Peugeot (para amadores), no qual Pedro Lencart terá de defender o título, esta vitória soube-lhe particularmente bem, até porque no Campeonato Internacional Amador Masculino de Portugal o jogador de 16 anos tinha admitido que não estava a poder dedicar-se totalmente ao golfe pois necessitava de voltar a concentrar-se mais nos estudos.

 “É uma vitória importante, pois nesta altura tenho conseguido conciliar melhor a escola e o estudo, de forma a treinar mais. E tenho-me sentido melhor no campo”, disse, reconhecendo que hoje o título não esteve nos seus planos: “Nunca pensei na vitória durante toda a volta. Tentei (apenas) jogar o melhor possível, tendo em conta o vento. Hoje o campo esteve mais difícil em relação a ontem, devido às fortes rajadas de vento. E apesar da boa volta não esperava ir a play-off.”

 

Também Leonor Bessa salientou a importância deste sucesso, até porque, em janeiro, no Algarve, estava no topo da classificação e depois terminou no 3.º lugar, com o título a ficar com Joana Mota. E agora, está a um mês do Campeonato Nacional Absoluto Peugeot, o único grande título da FPG que lhe falta: “Teve um sabor especial porque foi o primeiro [título do ano] e por ter acabado tão bem. Hoje comecei com 5 bogeys e depois, quando começou o vento, paradoxalmente, comecei a jogar muito bem e fiz 4 birdies nos últimos nove buracos".

Tal como o campeão, também a campeã na Penha Longa tem tentado conciliar os estudos com o golfe. “Já não competia há quase dois meses e isso repercutiu-se no resultado. Estou no Curso de Jornalismo, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Estou na universidade, mas o golfe será a minha prioridade”, assegurou.

As melhores voltas do torneio (tanto no masculino como no feminino) foram efetuadas no primeiro dia por dois jogadores de Vilamoura: Vítor Lopes, o vencedor do 1.º Torneio do Circuito Allianz em janeiro, e Francisco Matos Coelho, o campeão nacional de sub-14, em 71 pancadas, 1 abaixo do Par.

No entanto, no segundo dia, Vítor Lopes teve um final de jornada terrível, com 1 quádruplo-bogey, 2 duplos-bogeys e 4 bogeys nos últimos sete buracos, para uma volta de 83 (+11), terminando em 9.º empatado (+10).

Enquanto isso, “Kiko” Matos Coelho – obviamente numa fase evolutiva da muito jovem carreira em que a liderança num torneio deste nível não é fácil de gerir –, entregou um cartão de 86 (+14), para fechar em 14.º empatado (+13).

O próprio Tomás Melo Gouveia, muito mais experiente, campeão da Taça FPG/BPI, era 3.º classificado aos 18 buracos mas só terminou em 6.º empatado (73+80). O 3.º lugar acabou por ser de Gonçalo Costa (+6), mostrando que não foi por acaso que passou o cut no último Campeonato Internacional Amador Masculino de Portugal.

Note-se que para a maioria dos 69 participantes foi a primeira vez que competiram no temível Atlântico Course da Penha Longa, que, em 2010, tantas dificuldades causou às estrelas do European Tour, no 54.º Open de Portugal.

“Só fiz a volta de treino. Nunca tinha jogado antes lá”, frisou Pedro Lencart. “Não conhecia o campo e estava em boas condições. Mas hoje esteve muito difícil e nunca tinha jogado com rajadas tão grandes”, acrescentou Leonor Bessa. 

“A última vez que a FPG levou uma prova nacional à Penha Longa foi em julho de 2010, com o Campeonato Nacional de Pares”, acrescentou Rui Frazão, do Departamento Técnico da FPG, que explicou ainda as razões de tantos jogadores terem sentido dificuldades de adaptação às condições de jogo: “O primeiro dia de competição foi fantástico. Um autêntico dia de verão, com todos a jogarem de polo, sem camisolas ou casacos, e a chegaram (alguns) com as caras bem vermelhinhas. Hoje parecia que iria ser igual e quase foi, mas pelas 15h00 começou a levantar-se o vento e pelas 16h30 estávamos perante a Penha Longa que todos conhecemos, com vento forte e frio vindo de Sintra.”

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