Ex-mulher de Sócrates não foi confrontada com dados novos

Advogado que administra empreendimento Vale de Lobo também ouvido no DCIAP

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Miguel Manso

O advogado da ex-mulher de José Sócrates disse que Sofia Fava, arguida na Operação Marquês, não foi confrontada com dados novos no interrogatório conduzido esta quarta-feira pelo Ministério Público.

"Não foi confrontada com dados novos", disse Paulo Sá e Cunha aos jornalistas à saída da audição, sublinhando não poder revelar mais nada sobre o interrogatório realizado no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em Lisboa.

O advogado escusou-se a precisar se o interrogatório, a escassos dois dias do prazo previsto para a conclusão do inquérito, foi pedido por Sofia Fava ou pelos procuradores que dirigem a investigação. Questionado sobre se concorda com a posição da defesa de José Sócrates, segundo a qual o prazo para a conclusão do inquérito teria terminado à meia-noite de segunda-feira e não na próxima sexta-feira, como anunciou a Procuradora-Geral da República, Paulo Sá e Cunha confessou que "não fez a contagem" dos 180 dias a mais que Joana Marques Vidal concedeu em Setembro para a conclusão da investigação. Porém, no seu entender, "o prazo não afecta minimamente a validade dos actos praticados no inquérito".

Sofia Fava e o advogado entraram cerca das 10h30 e saíram cerca das 13h50. Às 14h30 foi a vez de entrar no DCIAP o arguido Diogo Gaspar Ferreira, administrador de Vale de Lobo, acompanhado pelo seu advogado João Medeiros. Ambos se recusaram a prestar declarações.
Sofia Fava está indiciada na Operação Marquês pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, relacionados com a aquisição de um monte em Montemor-o-Novo, em que a garantia bancária, no valor de 760 mil euros, foi dada pelo empresário Carlos Santos Silva, amigo de longa data de José Sócrates, e que é apontado pelos investigadores como sendo o fiel depositário dos subornos alegadamente pagos ao antigo líder do PS.

Sofia Fava é ainda suspeita de ter simulado um contrato de prestação de serviços com uma empresa de Carlos Santos Silva, por forma a auferir mensalmente cerca de cinco mil, soma que os investigadores entendem que o ex-primeiro-ministro canalizava para a ex-mulher através do empresário seu amigo, para amortizar as prestações mensais pela compra do monte no Alentejo.

José Sócrates está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, num processo que investiga crimes económico-financeiros e tem 25 arguidos - 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena.

Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.

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