Bloco central volta, estás perdoado

Se o PSD mudou a agulha, Assunção Cristas mantém-se impassível ao rumo dos acontecimentos.

Cada vez têm sido mais as personalidades do PSD a defender um bloco central. Em 2014 Durão Barroso já o sustentava usando como argumentos a urgência das reformas estruturais e a necessidade de um consenso político-partidário mais alargado. No fim do ano passado, Manuela Ferreira Leite, na TVI24, via como preferível essa solução num cenário em que o PS só viesse a precisar de um partido para governar. Poiares Maduro, em fevereiro, declarou ao Negócios que “ o PSD deve estar disponível para fazer um acordo com o PS”, e agora foi a vez do líder parlamentar Luís Montenegro, numa entrevista à Antena1, sugerir uma convergência entre PS,PSD e CDS num quadro de falência da atual solução governativa e de forma a evitar eleições antecipadas.

O fantasma do bloco central reaparece periodicamente, ganhando viço consoante a fraqueza do PS ou do PSD. A persistência do aumento da desvantagem eleitoral entre os dois partidos força uma mudança na rota dos sociais-democratas e deixa o seu líder cada vez mais isolado. Para Passos, isto representaria, como já afirmou, “um esvaziamento político da alternativa democrática afirmada pelo PSD” e, pior, uma cedência ao orgulho ferido.

Embora a aliança do PS com a direita seja uma inevitabilidade num futuro mais ou menos próximo, a péssima experiência da mancebia entre os dois partidos nos idos anos oitenta ainda assombra. Mas se o PSD mudou a agulha, Assunção Cristas mantém-se impassível ao rumo dos acontecimentos.

Enquanto isto, o BE que foi responsável pelo atual compromisso de extrema-esquerda é o verdadeiro governo sombra, que continua a controlar a agenda política e não dá sinais de abrandamento. Eventual parceiro do PS na próxima legislatura, passou a assumir a liderança ideológica da esquerda em Portugal e a ser o referencial dos jovens turcos Pedro Nuno Santos, João Galamba e Isabel Moreira, que dão cartas no PS de Costa.

O PSD parece, finalmente, acordar do sono encantado em que caiu desde novembro de 2015. Falta agora a Cristas assumir-se nesta matéria e ser definitivamente afirmativa, numa solução de convergência ao centro, a bem dos portugueses.

 

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