Ex-Presidente da Coreia do Sul acusada de abandonar cães no palácio oficial

Um grupo de defesa dos direitos dos animais queixou-se à polícia depois de Park Geun-hye ter saído da residência oficial, após uma inédita destituição, sem levar os seus nove cães.

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Os jindos coreanos são considerados património cultural e a sua exportação é proibida Reuters/NEWS1

Depois de ter sido a primeira mulher Presidente da Coreia do Sul e a primeira pessoa no país a ser destituída desse cargo, Park Geun-hye é acusada de abandonar nove cães.

Quando em 2013 foi viver para a chamada Casa Azul (a sede da presidência sul-coreana), em Park levou consigo dois jindos coreanos, cães de uma raça conhecida pela sua lealdade. Saerom e Heemang (“Novo” e “Esperança”) atingiram o estatuto de celebridades caninas de forma imediata. E em Janeiro deste ano nasceu uma ninhada de crias, elevando para nove o número de cães a viver no palácio presidencial.

Apesar de várias fotos publicadas no Facebook a demonstrar momentos de ternura entre a chefe de Estado e os cães, Park abandonou a residência oficial no domingo, destituída por um escândalo de corrupção, sem levar consigo os animais. No seguimento desta acção, um grupo sul-coreano de defesa de direitos dos animais, a Aliança Coreana para a Prevenção de Crueldade contra os Animais de Busan, apresentou queixa à polícia.

Também a organização CARE (Coexistence of Animal Rights on Earth, em inglês), que escreveu múltiplas vezes a Park a pedir a criminalização do consumo da carne de cão, criticou a atitude da antiga Presidente. "Todos os anos, entre 80 mil e 90 mil animais de estimação são abandonados neste país com um custo social anual de dez mil milhões de won [cerca de oito mil milhões de euros]. A não se responsabilizar pelos nove cães jindo que ela pessoalmente adoptou e criou, a ex-líder basicamente comete um crime de abandono", disse CARE.

Nas redes sociais, a organização publicou uma mensagem a dizer que queria ajudar os cães a encontrar um novo lar. “Queremos ajudar de modo a evitar que estes cães sejam enviados para um canil ou para uma casa onde vivam infelizes”, comunicou o grupo.

Em resposta, a Casa Azul disse que Park deixou os cães na residência porque não seria benéfico para as crias mudarem de casa tão subitamente, negando que Park tenha abandonado os cães.

“Ela pediu aos funcionários da Casa Azul para cuidarem bem dos cães e encontrarem boas famílias adoptivas para as crias, caso seja necessário”, afirmou Kim Dong-jo, um porta-voz da Casa Azul, citado pela agência Reuters.

Mas este não é a primeiro vez que um chefe de Estado é acusado de deixar para trás os seus fiéis companheiros. No ano passado, o alvo da fúria popular foi David Cameron. O antigo primeiro-ministro do Reino Unido saiu da residência oficial, o famoso número 10 de Downing Street, sem levar o seu gato Larry. Na altura, Cameron negou “o rumor de não gostar do Larry” e acrescentou que o gato pertencia à casa, não a ele.

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