Pai da web defende regulação mais apertada à propaganda política online

Num artigo a propósito dos 28 anos da criação da World Wide Web, que se assinalam neste domingo, Tim Berners-Lee lista os três maiores desafios da rede.

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Tim Berners-Lee alerta que a publicidade política se tornou uma indústria sofisticada Enric Vives-Rubio

Tim Berners-Lee, o cientista britânico que é considerado o pai da World Wide Web, defende que é preciso apertar a regulação da propaganda opolítica online que, segundo ele, está a ser usada de forma “anti-ética” e é um dos maiores desafios no futuro.

Num artigo publicado no site da sua fundação, a propósito dos 28 anos da criação da WWW, que se assinalam neste domingo, Sir Tim Berners-Lee lista os três principais desafios que a rede enfrenta no futuro. Entre eles está a forma como os partidos políticos usam a rede para fazerem passar a sua mensagem.

O cientista, que em 2015 esteve em Portugal, frisa que a propaganda política se tornou rapidamente numa indústria sofisticada, à custa da grande quantidade de dados pessoais disponíveis na rede, e alerta que as campanhas fazem-se cada vez mais através de anúncios personalizados dirigidos aos utilizadores.

O problema é que há indícios de que alguns anúncios políticos – nos Estados Unidos e em todo o mundo – “estão a ser usados de forma anti-ética”, conduzindo os eleitores para sites de notícias falsas ou mantendo outros eleitores afastados das sondagens.  

“A publicidade segmentada permite que uma campanha diga coisas completamente diferentes, possivelmente contraditórias, para diferentes grupos [de utilizadores]. Isso é democrático?”, questiona num artigo para o qual o diário britânico Guardian chamou a atenção.

É por isso que Tim Berners-Lee defende que é preciso maior transparência em relação aos algoritmos “para perceber como é que são tomadas decisões importantes que afectam as nossas vidas e, eventualmente, criar um conjunto de princípios comuns que devem ser seguidos”.

É urgente, desafia, fechar os “alçapões” que permanecem em aberto na regulação da propaganda política.

Além deste risco, o pai da www, lista outros. O primeiro é, de resto, a origem do problema e passa pelo facto de os cidadãos terem perdido o controlo em relação aos dados pessoais.

O cientista dá como exemplo os sites que oferecem conteúdos de forma gratuita em troca do registo dos utilizadores. É uma “armadilha”, avisa, deixar uma grande quantidade de dados espalhadas por companhias como a Google, o Facebook ou a Amazon que controlam essa informação. O segundo risco tem a ver com a rapidez com que a desinformação e as notícias falsas se espalham através da rede.

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