“Discordo em absoluto de uma tentativa de partidarização dos nomes no BdP”

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"Há um ambiente ruidoso que não é favorável e que não reforça a instituição Banco de Portugal", lamenta Assunção Cristas NUNO FERREIRA SANTOS

O CDS estava contra a recondução de Carlos Costa, “até porque tínhamos observado a acção do governador”, diz Assunção Cristas. Mas agora não se deve tocar no BdP.

Achou bem a recondução de Carlos Costa?
O CDS nessa matéria foi solidário, embora também tenha ficado bastante claro qual era a nossa inclinação, até porque tínhamos observado a acção do governador.

Significa que a vossa inclinação era de que não fosse?
A nossa inclinação era a de que não fosse reconduzido. Creio que na altura ficou bastante claro. Aliás, era um dos aspectos que nos criticavam por haver alguma divergência. É extraordinário, no nosso tempo alguma divergência entre CDS e PSD era ultracriticada, hoje em dia não há... Também há uma cultura democrática que se vai afirmando, porventura, vendo isto do lado positivo. Hoje em dia é possível PCP e BE fazerem oposição ao próprio Governo sem terem problemas nenhuns. Mas nessa altura fomos solidários. Havia uma razão de fundo que era precisamente a questão do Novo Banco e da estabilidade que esse processo devia merecer, mas, como é evidente, da nossa parte poderia ter sido uma oportunidade para ser feito um pouco diferente. Neste momento, o que nos interessa é contribuir com propostas concretas, com ideias, e não propriamente estar aqui numa discussão de nomes e de pessoas. Creio que foi feita a nomeação, há alguns anos pela frente, vale a pena neste tempo trabalhar para que os governadores, este ou um que venha no futuro, possam ter melhores condições e apresentarem melhores resultados.

Entre a polémica do BES que se retomou na semana passada e a recusa de nomes propostos pelo governador para o conselho de administração, acha que há uma campanha contra Carlos Costa?
Há um ambiente ruidoso que não é favorável e que não reforça a instituição BdP. Como acho que o país vive e deve viver com instituições fortes, o nosso caminho deve ser o de procurar encontrar ideias e propostas que melhorem a acção dos reguladores, nomeadamente reforçando o Conselho Nacional de Supervisores Bancários, dando-lhe uma estrutura rotativa, um orçamento participado pelas várias entidades que fazem parte do sistema, com um secretariado, com um secretário-geral, para garantir uma melhor articulação entre todas as entidades. Mas discordo em absoluto de uma tentativa, que me parece bastante evidente, de partidarização dos nomes no BdP. Acho que isso é negativo para as instituições e, certamente, não contará com o CDS nessa matéria

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