Bracinha Vieira vai preparar liquidação do Banif

Jurista é um ex-quadro do Banco de Portugal, onde era consultor adjunto de Carlos Costa e liderava o gabinete sancionatório

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Bracinha Vieira acompanhou Carlos Costa numa visita ao Parlamento MIGUEL MANSO

José Bracinha Vieira vai presidir ao conselho de administração do Banif e preparar a sua liquidação. O jurista é ex-quadro do Banco de Portugal, onde se manteve como consultor adjunto da administração liderada por Carlos Costa, e era até ao Verão do ano passado director do gabinete sancionatório do supervisor.

Em Dezembro de 2015, o Banif foi resolvido por três vias: a entrega da parte comercial (não tóxica) ao Santander, operação que pode gerar no futuro um ganho para o banco espanhol entre 800 milhões e mil milhões de euros; a criação da Oitante, um veículo de asset management, para receber os activos recuperáveis; e a manutenção do Banif com actividade residual, incluindo as filiais do Banif Cabo Verde e Banif Brasil, assim como todas as contingências legais e fiscais. E é a este “banco” que Bracinho Vieira vai agora presidir. O objectivo é preparar a sua liquidação.

Para além de secretário de Estado dos recursos educacionais entre 1992 e 1994, o social-democrata Bracinha Vieira presidiu, entre outros cargos, à ParqueExpo 98, e à Finangest – Sociedade de Gestão Financeira e Desenvolvimento.  

No final do ano passado, Bracinha Vieira protagonizou uma polémica pública em torno da decisão do BdP de remunerar do accionista Estado, “à custa da criação de provisões para a carteira de dívida pública portuguesa que, com o aumento de juros deste ano e o que vier a ocorrer nos próximos tempos levará a uma desvalorização desses títulos e a imparidades.”

Na altura, expressou-se no Facebook numa linguagem crua e acusou o actual Governo de um “‘saque’ de 450 milhões de euros de lucros” [um acréscimo de 303 milhões face ao período anterior] do supervisor. O jurista avisou que se o BdP insistisse na distribuição de dividendos (o que veio a acontecer) generosa pelo accionista ia contribuir para “a descapitalização do banco central”. E classificou de “um erro” afectar as receitas não recorrentes relativas à recuperação de uma garantia prestada ao Banco Privado português em 2008 “que disfarçam o défice em cerca de meio por cento do PIB”.

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