O novo arquivo digital da RTP é uma “janela para a memória colectiva”

Para assinalar os 60 anos da estação pública, foi disponibilizado online um catálogo de 6500 itens de acesso gratuito que abrangem a informação e o entretenimento.

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António Costa esteve na apresentação do RTP Arquivos LUSA/JOÃO RELVAS
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A partir desta segunda-feira, as seis décadas de história da RTP passam a estar à distância de um clique e podem ser consultadas de forma gratuita. O arquivo da estação de rádio e televisão pública, que previamente era apenas acessível a investigadores e a cidadãos que se deslocassem fisicamente às instalações da RTP, arranca com um catálogo de 6500 itens relativos à informação e ao entretenimento do canal. “O arquivo vai permitir a visualização de conteúdos históricos e criar uma nova relação da RTP com os cidadãos”, explicou Gonçalo Reis, presidente do Conselho de Administração da RTP, durante o lançamento da plataforma, que decorreu esta segunda-feira nas instalações da RTP.

A apresentação do arquivo digital da RTP contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, que começou por assinalar a visão que o Governo tem para a estação. “Creio que esta foi a primeira vez que uma mudança de Governo não determinou nem a mudança da administração nem das direcções da RTP, mas determinou uma importante mudança ao nível da tutela”. Actualmente tutelada pelo Ministério da Cultura, a RTP estava anteriormente ao cargo do então ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro. O primeiro-ministro referiu que o arquivo da RTP permite “conhecer bem a sociologia do nosso país” e sublinhou que a importância da missão da estação pública se desdobra em três frentes: “a política da língua – uma língua global e que se projecta para todos os continentes”, a “promoção da criação cultural” e “a preservação do património histórico”.

O arquivo online da RTP inclui conteúdos produzidos desde 1936 até à actualidade e permite viajar entre o presente e o passado através do registo textual, radiofónico, fotográfico e vídeográfico. O acervo, que segundo disse Gonçalo Reis em entrevista ao PÚBLICO em Novembro, exigiu um investimento de três milhões de euros, inclui 47 colecções temáticas sobre acontecimentos ou personalidades relevantes da história de Portugal (25 de Abril, Mário Soares, Estado Novo) e 55 séries de programas emblemáticos e representativos da produção da RTP ao longo dos seus 60 anos (Vila Faia, Povo Que Canta, Sabadabadú). Ao todo, são 2500 programas, 4000 notícias e milhares de horas de emissão que podem ser visualizadas pelos utilizadores. “Esta é uma janela aberta para a nossa memória colectiva”, afirmou o jornalista e apresentador Mário Augusto, que conduziu a sessão de lançamento do portal.

De acordo com Gonçalo Reis, este é um “projecto incremental”, pelo que se pretende alimentar o site continuamente numa média de 2000 itens por mês, o que deverá resultar num total de 25 mil itens no final do ano. Nesse sentido, a digitalização e automatização dos conteúdos é assegurada por uma equipa que envolve pessoas do arquivo físico e digital e da emissão e programação da estação pública. “A interface foi pensada para conciliar a vertente de arquivo puro, com motores eficientes de pesquisa simples e avançada, com a memória de programas que [os espectadores] não viram, sem pesquisa aprofundada”, explica Hilário Lopes. O responsável pelo projecto exemplificou como fazer uma busca, procurando por “Timor Leste”, obtendo resultados datados de 1975 até ao presente. O público poderá também licenciar os conteúdos para uso privado ou comercial, fazendo uma inscrição prévia que lhe permitirá fornecer os dados necessários ao processamento do pedido.

Os conteúdos do arquivo permitem percorrer não só a cronologia do canal mas do país, uma vez que durante 35 anos (e até ao aparecimento do primeiro canal privado, a SIC, em 1992) a RTP foi a única estação de televisão em Portugal. O arquivo é um recurso utilizado não só pela estação pública e pelas suas delegações espalhadas pelo país e pela comunidade de países de língua portuguesa, mas pelos outros canais portugueses que só começaram a acompanhar a actualidade do país durante os anos 1990.

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