As histórias de quem já soma milhões com a entrada do Snapchat em bolsa

Multinacional norte-americana e escola secundária têm uma história sobre o Snapchat em comum: ambas estão a lucrar milhões com a subida de 44% das acções da empresa.

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Uma escola secundária na California, EUA, já lucrou 24 milhões de dólares com o Snapchat LUSA/JUSTIN LANE

Às 18h30 de sexta-feira, hora de Lisboa, as acções da Snap rondavam os 27 dólares. Os primeiros investidores da Snap – a empresa californiana dona da aplicação móvel Snapchat – começaram sexta-feira a celebrar. Ontem, a empresa terminou o primeiro dia na bolsa de Nova Iorque com as acções 44% acima do valor inicial, cotadas a 24 dólares. É um valor bem acima dos 17 dólares a que as acções foram vendidas na operação de venda.

Isto quer dizer que a aposta da NBCUniversal (NBC) – o conglomerado de media norte-americano que investiu 500 mil dólares na Snap na quinta-feira – já soma mais 220 milhões de dólares. O valor foi revelado pela CNBC, um dos canais de televisão da multinacional. O director executivo, Steve Burke, enviou uma carta aberta aos funcionários da empresa a explicar a decisão: “Ontem [quinta-feira], a NBC fez um investimento estratégico no valor de 500 milhões de dólares na Snap como parte da sua oferta pública inicial.”

Até ao momento, trata-se da única empresa de media norte-americana com um investimento de peso no Snapchat, mas não é a primeira aposta da NBC na aplicação móvel. Um dos programas de televisão do grupo, The Voice, foi dos primeiros a utilizar o Snapchat para atrair novos espectadores ao permitir que as pessoas concorressem à versão americana do concurso de talento com micro mensagens de vídeo.

Para Burke, o director do Snapchat conseguiu criar um produto “extremamente inovador” que “atrai uma audiência jovem e dedicada”. No último ano e meio, a NBC também investiu 400 milhões de dólares no BuzzFeed e 200 milhões na Vox. Para Burke é importante continuar a apostar no espaço digital: “Com o investimento na Snap, amontoamos um total de 1,5 mil milhões de dólares no negócio promissor do sector digital."

Escola secundária também lucra milhões com Snap

Não são apenas grandes multinacionais que estão a lucrar com a entrada do Snapchat em bolsa. A escola secundária privada Saint Francis, na Califórnia, EUA, também já fez milhões com o Snapchat. O director Simon Chiu conta a história em comunicado.

Em 2012, Barry Eggers, um dos fundadores da empresa de capital de risco Lightspeed Venture Partners que tinha os dois filhos inscritos na Saint Francis, sugeriu que os membros do conselho directivo da escola investissem no Snapchat. A Lighspeed já tinha apoiado a empresa com 485 mil dólares depois de Eggers descobrir que a (então) pequena aplicação online – gerida, na altura, a partir de um dos dormitórios da universidade de Stanford – era utilizada dezenas de vezes por dia pelos irmãos Eggers e amigos. Era a única rede social que conhecia com fotografias e mensagens que desapareciam em poucos segundos.

A escola investiu 15 mil dólares. Com a entrada da Snap em bolsa, a Saint Francis vendeu dois terços das suas acções (no valor inicial de 17 dólares), o que equivale a ganhos de cerca de 24 milhões dólares. “O investimento da escola na Snap – que esta manhã completou a sua oferta de venda inicial (IPO) – amadureceu e deu-nos um impulso significativo para continuarmos o nosso trabalho e a realização da nossa visão”, escreve Simon Chiu.

Os fundos serão investidos no futuro da escola. Além de apostar na criação de programas inovadores, o director quer tornar a educação na Saint Francis – uma escola católica privada com mensalidades no valor de 17 mil dólares por ano – acessível a mais estudantes.

Nem todos podem contar histórias de sucesso com o Snapchat. “Conheço alguém que não está a ficar rico com o IPO do Snapchat", escreve o investidor norte-americano Chris Sacca, no Twitter. Sacca, conhecido por apostar desde cedo em empresas como a Uber e o Instagram, refere-se à oportunidade que perdeu quando ignorou um email de 2012 do co-fundador do Snapchat, Bobby Murphy, sobre a empresa.

O Snapchat segue o padrão de outras histórias de empreendedorismo de sucesso das última décadas nos EUA: tal como o Facebook, a aplicação foi criada por estudantes universitários – desta vez, na Universidade de Stanford –, crescendo até chegar a Wall Street. Actualmente, a aplicação possui cerca 161 milhões de utilizadores diários. A entrada da Snap na bolsa de Nova Iorque excede as expectativas, provando que a empresa está a conseguir atrair a atenção de investigadores apesar dos 515 milhões de dólares de prejuízo em 2016.

Porém, os resultados iniciais não são necessariamente prova de um futuro promissor. Tal como a Snap, o Twitter entrou com sucesso em Wall Street e acções 18 dólares acima do valor de venda inicial em 2014. Contudo, três anos depois, as acções do Twitter rondam entre os 15 e os 16 dólares, o que representa um valor 42% abaixo da entrada inicial em bolsa.

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