Quase 20% dos alojamentos locais de Lisboa foram criados onde havia habitação

Estudo encomendado pela AHRESP contraria algumas ideias sobre o sector, como as relativas às plataformas de arrendamento. Mas só 30% dos empresários contactados respondeu ao inquérito.

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João Silva

Muitos lisboetas apontam o dedo à proliferação do alojamento local como causa para inúmeros despejos e a diminuição da oferta de habitação, mas um estudo da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) tenta contrariar essa ideia. Segundo os resultados de um inquérito a 1777 estabelecimentos de alojamento local, 19% desta oferta turística na Área Metropolitana de Lisboa foi criada em locais que estavam arrendados para habitação.

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A grande maioria dos apartamentos e moradias para turistas e dos hostels, 59%, estão hoje instalados em imóveis que, antes, estavam desocupados. É a principal conclusão do estudo promovido pela AHRESP, financiado pelo Turismo de Portugal e realizado pelo ISCTE e a empresa de promoção turística Sítios, cujos resultados serão apresentados esta sexta-feira em Lisboa.

O inquérito foi enviado por e-mail aos responsáveis de quase seis mil estabelecimentos de alojamento local dos 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, mas apenas 30% destes responderam. Dessa amostra foi possível concluir que 86% das unidades de alojamento local são apartamentos e que a maioria dos empresários do sector são pessoas singulares (60%), muitas delas exclusivamente dedicadas a este negócio (46%).

Há dois empresários que têm mais de cem unidades de alojamento local, mas a maior parte (58%) tem entre uma e vinte. É ainda referido que “os empresários estrangeiros começam a assumir um peso relevante” no sector, mas não são apresentados dados concretos. Grande parte dos que estão neste ramo revela preocupação com a carga fiscal (67%), com questões legais, com a concorrência e com a sazonalidade do negócio, mas a grande procura de estrangeiros por Portugal é encarada como uma oportunidade por 85% dos empresários.

O estudo revela ainda outras conclusões surpreendentes. De acordo com este trabalho, a plataforma mais usada pelos turistas para marcar estadias é o Booking (45%), enquanto o Airbnb representa 34% das reservas e o HomeAway apenas 7%, ultrapassado mesmo pelas reservas directas através do site ou dos e-mails de cada alojamento. No que refere aos motivos determinantes da visita, 82% dos turistas falam do clima, ultrapassando assim a hospitalidade (75%), a gastronomia (65%) e as atracções culturais, mencionadas por apenas 10% dos visitantes.

Os franceses, os espanhóis, os alemães e os britânicos são os principais clientes estrangeiros da região de Lisboa e escolhem o sítio onde se hospedam maioritariamente com base na localização e nos comentários online de utilizadores anteriores. As queixas mais frequentes dos hóspedes são sobre objectos partidos ou que não funcionam (13%) e sobre os problemas de comunicação com os proprietários (também 13%).

No Verão do ano passado, a Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) divulgou que havia cerca de 2.700 estabelecimentos de alojamento local em apenas duas freguesias do centro de Lisboa. Isto sem contar com os que funcionam à margem da lei, que a mesma associação estimava serem perto de mil na cidade.

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