Embaixador da memória portuguesa na Terra Nova lança novo livro

Canadiano Jean-Pierre Andrieux publica, pela primeira vez, uma obra na língua de Camões. Acima de tudo, conta a história da pesca de bacalhau praticada pelos portugueses vista por alguém que estava do lado de lá

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Renato Cruz Santos

“A Frota Portuguesa do Bacalhau: Uma História em Imagens”, livro que é lançado este sábado no Museu Marítimo de Ílhavo (MMI), não é apenas mais uma obra sobre a pesca do bacalhau que os portugueses praticaram nos mares frios da Terra Nova. O que o diferencia? O facto de ser escrito por alguém que vive do outro lado do Atlântico, na Terra Nova (Canadá), o escritor Jean-Pierre Andrieux, cuja vida tem sido marcada por inúmeros contactos e relações de amizade para com as tripulações de navios portugueses que aportam àquela ilha. Foi o impulsionador da instalação de um monumento de homenagem aos pescadores portugueses falecidos na pesca do bacalhau, no cemitério de Monte Carmel, em St. John’s, e já vai sendo apelidado de “embaixador da memória portuguesa na Terra Nova” (é desta forma que o MMI o apresenta, a propósito da sessão de lançamento do seu primeiro livro em português).

A obra que agora é trazida à estampa, acredita o autor, faz jus a essa velha máxima de que “uma imagem vale mais que 1.000 palavras” - o livro conta com um total de 500 fotos – e apresenta, então, esse “ponto de vista completamente diferente”, ou seja, “a perspectiva de um autor norte-americano”, refere Jean-Pierre Andrieux.

O escritor canadiano já publicou 20 livros alusivos à temática marítima mas faltava-lhe cumprir esse sonho de publicar uma obra em português – o autor escreveu em inglês e o texto foi, depois, traduzido para a nossa língua. O objectivo torna-se, agora, realidade graças ao município de Ílhavo e à Âncora Editora.

Além de apaixonado pela temática marítima, o autor canadiano confessa-se um “grande amigo de Portugal e dos portugueses” - já foi agraciado com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique e viaja, anualmente, ou mais do que uma vez por ano, até Portugal. Parte dessa amizade está reflectida no livro que, apesar de não descurar o rigor dos factos e das datas, respeitando a história, também contém uma boa dose de “saudade”, uma palavra que já faz parte do vocabulário de Jean-Pierre Andrieux. “Aquelas fotofrafias têm toda uma vida de memórias”, confessa o autor, lembrando que foram muitos encontros e convívios com portugueses, “alguns dos quais que, infelizmente, já desapareceram”.

O lançamento da obra (às 18h00), compreenderá ainda a realização de uma palestra, a cargo de Jean-Pierre Andrieux, bem como a inauguração de uma exposição com o mesmo nome do livro, composta por fotografias inéditas.

Estes eventos constam de uma programação especial do MMI que agendou para este sábado um dia “A Ver Navios”.  Está previsto o lançamento da caderneta de cromos “Navios do Bacalhau” - uma colecção de cerca de 100 cromos, com imagens de navios da frota bacalhoeira portuguesa -, bem como uma sessão de yoga no Aquário de Bacalhaus (9h30) e a actividade “Dos 8 aos 80: Conservador por um dia” (10h30) -  esta iniciativa revelará como se conserva um quadro que foi recentemente encontrado no lixo e, posteriormente, entregue ao museu. 

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