Venda da PT na lista de transferências para offshores

Operação ocorreu em 2015 e representa metade do valor total que nesse ano saiu do país com destino a paraísos fiscais.

Foto
Nuno Ferreira Santos

Em 2015, quase metade dos 8,9 mil milhões de euros transferidos de Portugal para offshores sai do país numa única operação e teve como destino um único paraíso fiscal, avança o Jornal Económico esta sexta-feira.

O semanário escreve que a quantia de cerca de quatro mil milhões de euros se enquadra numa das 50 transferências para as Baamas realizadas naquele ano e que a data coincide com o negócio de venda da PT Portugal, pela telecom brasileira Oi, à Altice.

A Altice e a Oi concluíram a 2 de Junho de 2015 a venda da PT Portugal, tendo a Altice passado um cheque de 5,8 mil milhões de euros, dos quais 4,9 mil milhões foram recebidos em caixa pela Oi. Os restantes 869 milhões de euros foram destinados a saldar dívidas da PT Portugal em euros, detalha o mesmo jornal.

De acordo com as estatísticas disponibilizadas pela Autoridade Tributária, em 2015 foram enviados 1,3 mil milhões de euros para offshores por contribuintes residentes e 7,6 mil milhões de euros por não residentes. Deste último montante, mais de metade refere-se a transferências para o offshore das Baamas. De acordo com o jornal, esse dinheiro pode terá sido enviado para as Baamas, já que as transferências para outros destinos representam valores estão na ordem das dezenas ou das centenas de milhões de euros.

Estas informações surgem na mesma semana em que o PÚBLICO revelou que as estatísticas da Autoridade Tributária omitiram quase dez mil milhões de euros de transferências realizadas, entre 2011 e 2014, para offshores. A propósito, o antigo e actual responsáveis pelos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio e Fernando Rocha Andrade serão ouvidos no Parlamento, na próxima quarta-feira. O PSD também já disse que iria chamar todos os responsáveis à data. No entanto, a operação para offshores que envolve a PT não faz parte desses dez mil milhões que podem ter escapado ao fisco.

Sugerir correcção
Comentar