A dança das cadeiras na União Europeia

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Donald Tusk fica ou sai? Reuters/YVES HERMAN

Em Março os líderes europeus terão de se entender sobre quem deverá liderar as principais instituições europeias. Vai ser preciso decidir, em primeiro-lugar, se o polaco Donald Tusk fica ou não fica mais dois anos e meio à frente do Conselho Europeu. Merkel gostaria que ficasse mas o Governo de Varsóvia já ameaçou várias vezes vetá-lo. Na sua última deslocação a Varsóvia, a chanceler ainda não conseguiu luz verde mas já terá obtido um amarelo. Os líderes socialistas avançaram com a hipótese de François Hollande, insistindo em que o centro-direita não pode ficar para si com todos os cargos europeus: os presidentes da Comissão, do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu.

Na verdade, as contas são mais complicadas. A chanceler argumenta que, do pacote negocial, apenas fazem parte os presidentes da Comissão, do Conselho e a alta representante da política externa e de segurança. O Parlamento Europeu não tem nada a ver com uma decisão dos líderes, mas apenas com a relação de forças entre os grupos parlamentares. O presidente do Eurogrupo também é retirado do pacote, na medida em que (ainda) não é permanente, mas apenas um ministro das Finanças do euro. O actual, o holandês Jeroen Dijsselbloem, está de partida. O Partido Trabalhista de que faz parte vai ter uma estrondosa derrota eleitoral no dia 15. A sua cor política não significou absolutamente nada. Lisboa estaria na disposição de apoiar a candidatura do ministro das Finanças espanhol (centro-direita), Luis de Guindos

. Há uma outra proposta sobre a mesa que o Governo aprova: o presidente do Eurogrupo poderia ser um dos vice-presidentes da Comissão, seguindo o modelo da chefe da diplomacia europeia. Nesse caso, o comissário francês Pierre Moscovici teria a sua simpatia. Não estará nada negociado enquanto não estiver tudo negociado. O local será a cimeira dia 9 de Março. A última palavra será de Merkel (mesmo que a sua palavra já não seja tão forte como foi) e até agora a chanceler quer manter Tusk e, a médio prazo, não quer Jean-Claude Juncker na Comissão. 

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