Assassínio de Kim Jong-nam gera crise entre Malásia e Coreia do Norte

Governo malaio convoca embaixador de Pyongyang para “pedir explicações” sobre a sugestão de que há “forças hostis” envolvidas na investigação ao assassínio do meio-irmão do líder norte-coreano.

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Kang Chol, embaixador norte-coreano na Malásia, durante uma conferência de imprensa em Kuala Lumpur. Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA

O primeiro-ministro da Malásia garantiu que o seu Governo vai investigar de forma “objectiva” o homicídio do meio-irmão do líder norte-coreano, num momento em que a tensão entre os dois países está a subir de tom e o embaixador malaio em Pyongyang foi mandado regressar a casa, e o enviado norte-coreano chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, para “dar explicações” sobre afirmações polémicas que tem feito.

Kim Jong-nam, meio irmão do Presidente norte-coreano Kim-Jong-un, foi assassinado num aeroporto de Kuala Lumpur, enquanto aguardava um avião para Macau. A Malásia, um dos poucos países a manter relações diplomáticas com a Coreia do Norte, está a fazer uma autópsia ao corpo, sob suspeitas de envenenamento. Mas Pyonyang queria que o corpo fosse libertado, sem que se realizasse autópsia. O enviado norte-coreano, Kang Chol, acusou a Malásia, um dos poucos países a manter relações diplomáticas com a ditadura dos Kim, de estar a trabalhar com “forças hostis” à Coreia do Norte.

 “Passaram sete dias desde o incidente mas não há provas claras da causa da morte e de momento não podemos confiar na investigação da polícia malaia”, afirmou Kang Chol. “Isso só aumenta a suspeita de que há mais alguém por trás da investigação”, disse, numa referência à Coreia do Sul – Seul acusou o Norte de orquestrar o assassínio, no que descreve como prova do “terrorismo crescentemente ousado” do inimigo.

"A investigação está a ser feita de acordo com a lei. Qualquer sugestão em contrário é profundamente insultuosa para a Malásia, bem como a ideia de que esteja a conspirar com um Governo estrangeiro”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros malaio, Anifah Aman, citado pela Reuters.

Kim Jong-nam morreu a 13 de Fevereiro. Pyongyang ainda não fez uma declaração oficial sobre a morte do irmão desavindo, que após ter sido preterido na linha de sucessão escolheu o exílio e criticou o rumo do seu país.

Ao longo da semana passada, a polícia interpelou duas mulheres (uma com passaporte indonésio, outra com documentos vietnamitas) e o namorado malaio de uma delas. No sábado, deteve um quarto suspeito, Ri Jong-chol, um norte-coreano, e está à procura de mais quatro homens da mesma nacionalidade que terão deixado o país no dia do crime.

Entretanto, a televisão japonesa Fuji TV mostrou imagens de câmaras de vigilância do aeroporto onde se vê um homem que parece ser Kim a ser abordado por uma mulher antes de outra aparecer atrás dele e lhe esfregar o rosto com um pano – algum tipo de químico, dizem as autoridades. Esta segunda mulher usa uma camisola branca com as letras “LOL”; sabe-se que uma das suspeitas, a indonésia, contou à polícia ter sido paga para fazer o que julgava ser pregar uma partida.

A disputa diplomática que agora piora tinha começado quando a polícia malaia recusou os pedidos de diplomatas norte-coreanos para que o corpo de Kim fosse enviado para Pyongyang. Os resultados da autópsia podem ser divulgados na quarta-feira, diz a Reuters. Mas a Coreia do Norte já disse que os irá recusar, porque foi realizada sem a presença de representantes do regime de Pyongyang.

A polícia quer ainda fazer testes de ADN e está à procura de amostras de membros da família de Kim – por isso, talvez, um filho de Kim Jong-nam era esperado esta segunda-feira em Kuala Kumpur.Se mais nenhum familiar reclamar o corpo do meio-irmão de Kim Jon-un, será então entregue à embaixada norte-coreana.

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