Trump escolhe primeiro hispânico para a sua equipa

Alexander Acosta é o segundo nomeado para secretário do Trabalho, depois de o primeiro ter desistido do cargo.

Foto
Acosta em 2006 Reuters/MARC SEROTA

O Presidente americano anunciou na Casa Branca a nomeação de Alexander Acosta como secretário do Trabalho, depois de a sua primeira escolha ter desistido da candidatura devido à intensa pressão exercida pelos senadores democratas, e também por alguns republicanos. Filho de imigrantes cubanos, Acosta poderá tornar-se, se for confirmado pelo Senado, no primeiro hispânico na equipa de Donald Trump.

Quando Trump apresentou a lista para a sua Administração, arriscava-se a ser o primeiro Presidente, desde Ronald Reagen, a não nomear um secretário latino. Desde 1988, todos os Presidentes americanos escolheram pelo menos um hispânico para liderar um dos seus departamentos. Barack Obama, antecessor de Trump, nomeou, no primeiro mandato, dois hispânicos e, no segundo, quatro, perfazendo um total de seis latinos durante os oito anos em que liderou os destinos dos EUA.

Antes de confirmar a escolha, Trump afirmou que o nomeado seria alguém “realmente fenomenal” e “uma estrela, uma grande pessoa, grande pessoa”, segundo a CNN. Na conferência de imprensa em Washington, Trump passou em revista parte do currículo do nomeado desejando “o melhor” para “um secretário do Trabalho tremendo”.

Andrew Puzder foi o primeiro nome avançado por Donald Trump para ocupar o cargo, mas saiu da corrrida, quando estava marcado o início das audiências no Senado para ser confirmado. Os senadores democratas anunciaram que não iriam aprovar Puzder e, mais tarde, alguns republicanos fizeram o mesmo. Em causa, estão acusações de violência doméstica por parte da ex-mulher de Puzder, em 1990, durante um programa de Oprah Winfrey, e que saltaram para o espaço público esta semana. Além disso, os senadores duvidavam da sua aptidão para desempenhar o cargo, pelo facto de, entre outras coisas, ter contratado imigrantes ilegais, para tarefas domésticas, enquanto CEO da empresa dona das cadeias de fast food Hardee's and Carl's Jr. O facto de se ter oposto às regulações salariais e laborais entrou também em conta na opinião dos senadores.

Esta quarta-feira, soube-se que Oprah Winfrey partilhou as gravações do programa, que se mantiveram em segredo, onde aparecia a ex-mulher de Puzder, Lisa Fierstein, sob o nome fícticio "Ann", juntamente com outros episódios relacionados com violência doméstica, com o comité do Senado para serem analisadas. Ao Politico, alguns senadores falaram do que viram nos vídeos. Por exemplo, o senador Patty Murray afirmou que as gravações eram “muito perturbadoras”. Certo é que, mesmo antes de o Senado ter concluído a sua avaliação, os democratas começaram a realizar intensa pressão sobre a escolha de Trump tendo, inclusivamente, alguns republicanos duvidado da aptidão de Puzder para o cargo. Tudo culminou com a queda do aspirante a secretário para o Trabalho escolhido pelo Presidente norte-americano.

Acosta, que é a segunda escolha do Presidente americano para o departamento do Trabalho, é um advogado que actualmente servia como reitor da Universidade Internacional de Direito da Florida, em Miami. Em 2003, teve um dos seus pontos altos na carreira, tornando-se no primeiro hispânico a ser nomeado para o cargo de procurador-geral adjunto, desempenhando funções na divisão dos direitos civis do Departamento de Justiça americano. Depois foi também procurador na Flórida.

Acosta desempenhou ainda funções ligadas ao cargo que irá desempenhar, se for confirmado pelo Senado, tendo sido nomeado pelo Presidente George W. Bush como membro do Conselho Nacional das Relações Laborais americano. Esta é uma agência federal independente que tem como objectivo proteger os direitos dos trabalhadores do sector público e privado, tentando melhorar as condições salariais e de trabalho quer tenham, ou não, representação de um sindicato. Os cinco membros que lideram o conselho constituem um corpo quase judicial decidindo casos relativos a procedimentos administrativos. As personalidades que constituem este órgão são nomeadas pelo Presidente para um mandato de cinco anos e têm de ser aprovados pelo Senado. Ou seja, esta não será a primeira vez que Acosta terá de se submeter à avaliação dos senadores americanos.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários