FC Porto obcecado e sem compaixão do alto da fortaleza

Tondela apoia-se nos últimos resultados frente aos "dragões" para tentar evitar o abismo, cenário que não sensibiliza.

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O FC Porto atravessa um ciclo de cinco vitórias ESTELA SILVA/LUSA

Nuno Espírito Santo diz ignorar a Juventus, garantindo só ter olhos para o Tondela. E na verdade tem bons motivos para agir de forma tão previdente e obsessiva. Mesmo só podendo assumir responsabilidades no nulo da primeira volta, Nuno Espírito Santo terá que pensar duas vezes antes de cair na tentação de contrariar a ideia expressa na última conferência, de que o passado é irrelevante. Isto porque uma das formas mais eficazes para manter o grupo focado no jogo com o último da tabela classificativa pode muito bem ser o rebobinar do filme da época passada, em que o Tondela chocou o Dragão, conquistando a mais inesperada de todas as vitórias.

Consciente da dinâmica diametralmente oposta daquela que o FC Porto apresentava há sensivelmente um ano, o treinador portista pode até desvalorizar as coincidências estatísticas, da mesma forma que desconsidera o peso das cinco vitórias consecutivas da sua própria equipa. Já o Tondela, mais uma vez a surgir em casa do FC Porto com a corda na garganta, faz destes exemplos profissão de fé. Basta ver o brilho nos olhos dos intérpretes e a esperança de repetir uma proeza que catapultou a equipa para a salvação, quando já se preparava para receber a extrema-unção.

O Tondela apresenta-se mais uma vez com 14 pontos, embora em situação menos dramática, pois tem quase o dobro dos jogos para disputar até ao final da época, comparativamente ao que sucedia há um ano, em que acabou por vencer cinco dos últimos sete jogos, perdendo apenas um, evitando miraculosamente a despromoção.

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Indiferente a qualquer crença do visitante e pouco dado a moralizações de adversários em crise, o FC Porto encara este jogo sem réstia de compaixão, apenas como mais uma oportunidade para ganhar a frente da corrida na Liga e testar a cada oportunidade de que matéria são feitos os nervos da águia.

Nuno Espírito Santo tem toda a gente à disposição e poderá voltar a alternar a estratégia usada nas deslocações com a que melhor serve os interesses e urgência da equipa na proclamada fortaleza azul-e-branca, onde apenas o actual líder ousou roubar um ponto.

Ainda sob o poderoso efeito do reforço Soares - que se prepara para repetir a titularidade depois da retumbante estreia com dois golos ao Sporting, confirmada com a conquista do “castelo” no regresso a Guimarães - o “dragão” confia no rápido restabelecimento de André Silva e no desfiar dos golos do “matador” da equipa, estatuto que poderia ser questionado depois da reaparição em pleno de Diogo Jota, a baralhar as contas, ainda que a relação com André Silva pareça favorecer o estilo do brasileiro. Falta de opções é o que o treinador portista não terá.

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