Sobre a noite passada: The Walking Dead entrou na reabilitação?

Uma cena que foi uma "homenagem a Robert Rodriguez" e um renascer das cinzas da opressão marcaram o regresso da série depois das críticas e perdas de audiência. "Sejam pacientes", pede o produtor. Contém spoilers sobre o episódio 9.

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Gene Page / AMC

O tom é diferente e uma cena convenceu muita gente. Em resumo, o regresso para o resto da 7.ª temporada de The Walking Dead foi isto – um renascer (outra vez) das cinzas da opressão, momentos de comédia (há quem diga que alguns involuntários) e um uso de um arame e dois carros para fazer os espectadores menos convencidos gostar dos zombies e de Rick outra vez. O produtor e realizador do episódio, Greg Nicotero, conhecido colaborador de Quentin Tarantino, explica: “Foi a minha espécie de homenagem a Robert Rodriguez e Planet Terror.”

Rock In The Road, o nono episódio de uma série que todos lembram estar em apuros (as contas mais recentes notam uma perda de 40% de audiências nos EUA) nesta temporada, passou segunda-feira à noite na Fox depois da estreia no domingo no AMC americano. Vem depois de um primeiro episódio, nos idos de Outubro, em que as críticas pelo uso excessivo de violência numa série de terror quase fizeram o gigante da ficção televisiva soçobrar sob o seu próprio peso. Gale Anne Hurd, a produtora, reconheceu que a equipa fez ajustes ao que restava da temporada em função disso mas Greg Nicotero, em entrevista à Variety, não vai tão longe.

A ideia de que este é mais um capítulo, sempre sangrento e sujo, da jornada do herói, prevalece. “Podíamos ter morto [o vilão] Negan no segundo episódio, mas depois é tipo ‘Para onde vamos?’”, admitiu. “Foi uma primeira metade de temporada desconfortável, mas quando temos a oportunidade de ver Rick erguer-se outra vez”, diz o produtor executivo e perito em caracterização e efeitos visuais sobre o líder e herói da série, “é uma coisa óptima de se ver”. E promete: “As coisas estão a começar a acelerar”. E alude à polémica 2.ª temporada, em que “as pessoas diziam ‘Não acontece nada!” por o grupo estar parado numa quinta. “A 2.ª temporada permitiu-nos conhecer estas pessoas” defendeu sobre outro momento em que a série perdeu gás nas audiências – “Sejam pacientes! Deixem-nos levar-vos na viagem”.

O episódio não abalou o público como noutras temporadas, e foi recebido ou como um bom esforço de regresso ou como um exemplo das falhas do rumo actual da série. Mas uma cena, além do humor do grupo de Rick Grimes quando se depara com o aparato do Reino de King Ezekiel, está a ser celebrada condignamente. Na auto-estrada, perante uma manada de mortos-vivos, a solução encontrada pelos sobreviventes que preparam uma insurreição contra o grupo de Negan, os Salvadores, conquistou a Internet. “O espectáculo foi maravilhoso – um verdadeiro encanto de efeitos especiais, tirado directamente de um filme de acção”, entusiasma-se Nick Statt no site The Verge. “Já não temos muitos momentos destes” na série, assinala. “É uma boa e velha pornografia Walking Dead”, descreveu o actor Khary Payton, ou King Ezekiel para os espectadores, ao USA Today.

Greg Nicotero detalha à Variety que “75% é CGI” (imagens geradas por computador, efeitos digitais), que foi usado um drone e 125 figurantes vestidos de zombie para filmar a cena. Um tributo a Rodriguez e ao seu filme de zombies como parte da dupla Grindhouse com Tarantino e um presente para os fãs - “Queremos sempre ter aquele momento excessivo em que toda a gente aplaude nas nossas estreias de meio da temporada. O nosso público não os tem com muita frequência”. 

De resto, as réplicas noticiosas do episódio fazem saber que há pistas escondidas na cena de abertura e que os dreadlocks de Ezekiel são uma peruca, entre outras pepitas de informação.

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