Vitória promete equilíbrio em jogo para discutir “milímetro a milímetro”

Actual ciclo dos “dragões” ameaça um “castelo” com algumas brechas, onde o FC Porto não vence desde a época do último título.

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José Coelho/Lusa

Pedro Martins perspectiva para esta noite (20h30), em Guimarães, um jogo de equilíbrios frente a um FC Porto “confiante” e determinado a inverter a lógica das mais recentes visitas ao “castelo”, onde a última vitória do “dragão” coincide com o derradeiro título de campeão nacional, decidido ao sprint com o Benfica.

Daí que, para além da matemática pura do campeonato, a uma vitória portista correspondam mais do que três pontos. A carga simbólica de uma quinta vitória consecutiva elevaria a auto-estima do FC Porto para poder ombrear com as “águias” e manter o rival sob vigilância apertada na fase de todas as decisões.

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Porém, para o treinador do Vitória de Guimarães, que não vence para o campeonato desde o derby minhoto, o equilíbrio a que se refere terá que resultar de um compromisso entre a equipa que for capaz de reinventar em virtude das saídas de João Pedro e Soares e da impossibilidade de utilizar Marega e Hernâni, emprestados pelo FC Porto. Quatro pilares removidos numa altura crucial, em que parece ser arriscada a entrada directa dos reforços Guillermo Celis e Fábio Sturgeon num “onze” que ainda está a assimilar Rafael Martins.

E se o avançado Soares viveu uma estreia incrível na nova pele de “dragão”, a receita não oferece garantias de êxito se aplicada noutro contexto. O próprio Rafael Martins ainda não foi capaz de marcar pelos minhotos, o que pode até ser uma questão conjuntural, uma vez que no capítulo da finalização o Vitória de Guimarães também apresenta uma folha em branco nos dois últimos jogos em casa. Desinspiração a que escapou a visita a Braga, com dois golos de rajada, o último da autoria de Soares.

Face a este cenário, é legítimo perguntar o que pesará mais nesta troca de estatísticas: os deslizes do FC Porto nos últimos três anos ou o impasse vitoriano, que tem adiado o sonho da intromissão na luta por um lugar no pódio? Mais: que duelo esperar entre um FC Porto com quatro vitórias em nove partidas na qualidade de visitante (soma menos seis pontos que Benfica e V. Guimarães neste capítulo) e um adversário que a actuar em casa tem comprometido (três vitórias em nove encontros)?

Para que o equilíbrio anunciado por Pedro Martins assente numa base sustentável, o treinador dos vimaranenses poderá ter de reajustar algumas pedras, chamando — num desenho mais conservador — o lateral Bruno Gaspar à titularidade, libertando João Aurélio para a linha média e deslocando Hurtado para as alas. Contudo, face aos últimos resultados (dois golos em cinco partidas), o técnico dos minhotos poderá sentir a necessidade de alterar a dinâmica e surpreender Nuno Espírito Santo com uma estratégia mais arrojada.

O treinador do FC Porto, por seu lado, vive um dilema semelhante. Uma certa obsessão em rectificar comportamentos nos jogos fora pode aconselhar a aposta no ataque que abateu o Sporting no clássico da última jornada, a menos que prevaleça a ideia do reforço do meio-campo, com Herrera e André André bem posicionados na fórmula utilizada no Estoril.

Se a visão dos técnicos para este jogo de equilíbrios coincidir, então, como propõe Pedro Martins, os três pontos serão mesmo discutidos “milímetro a milímetro”.     

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